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terça-feira, maio 04, 2010


A voz de um bater de asas.

Nos sentamos como estranhos,
Coração inquieto,
queria encontrar aprisco.
Nem que fosse por um momento.
Uma segurança que insiste em fugir,
Ficamos tateando,
com cuidado
Nem carinho demasiado,
nem hostilidade.
Queria que falasse, mas o que?
Nos olhamos profundamente,
Sorrimos com leveza.
Não nos tocamos,
Tudo que se tinha, era o instante,puro.
A alma sempre quer mais,
talvez pela sede e fome
Dos corpos.
Nossa dor de não entender.
Não havia mais distancia,
estávamos tão próximos
Que não nos víamos.
A hora escoou rápida,
Queríamos mais.
Mais do que?
Estávamos plenificados,
num silencio.
Então nos abraçamos,
E tudo que
Não foi dito, a tudo ocupava .
Fui embora, ela foi também.
Levei-a comigo,onde se leve a melhor de nós,
tudo fez sentido,
Como um amanhecer na noite mais escura.
Claro e iluminado.
Já falamos tanto,
já dissemos tanto,
Já arranhamos entre farpas agudas,
E nos lambemos também.
Amamos em meio tornados,
Entre a fúria e dor.
Engolidos e macerados,
nos perdemos.
Depois de tudo isso,
ainda sobrevivemos.
E sorrimos.
Ainda sobrevivemos.
Que mais é preciso dizer?
Calei a inquietude,
e ficamos em paz.
Afagados no silencio,
Ali nosso templo,nossa igreja
Tudo que queríamos,
o bem um do outro.
Nossa prece e comunhão.
Um bater de asas,
e o vento nos levou.

Luis Fabiano.
Existem coisas tão silenciosas...que se tornam mudas.
E não é preciso nada dizer.

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