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segunda-feira, maio 10, 2010

Tipos e tipos

Sempre tive afinidade por pessoas que chamo de espécimes. Tipos que se diferenciam do meio, os estranhos, nunca procurei entender o porque disso, afinal gosto é gosto.Pelo que me lembro, desde de criança era assim,o comum não me parecia a melhor coisa. Ser certinho, limpinho, me dava uma impressão de nojo.Talvez ai que aprendi a disfarçar as coisas.
Na escola as coisas foram ficando piores, não queria fazer parte dos coleguinhas exemplares, os que tinham nota dez, nada disso. Minhas notas não passavam de seis, eu nunca abri um caderno pra estudar.Não me orgulho, isso foi apenas real. Meu negócio era ir fumar escondido no banheiro, onde ficavam os desordeiros e os que matavam aula, os que fugiam do colégio. Ali, era um mundo a parte, gostava de fazer parte daquele grupo.
Conversamos sobre as meninas que beijavam e davam, as galinhas como chamávamos, isso era a coisa mais importante,o estudo? Foda-se o estudo. Teoricamente, ali era o canto dos futuros desgraçados, os perdedores,os da última fila. Eu sentia orgulho de fazer parte daquilo.
Daqueles colegas, a maioria acabou se dando mal, um deles morreu assassinado, o outro se acidentou de carro, um terceiro virou camelô e tem uma boa família. A verdade que eles mergulharam fundo demais, não se faz isso na vida, quando se age assim, tudo pode virar um pesadelo, só mergulhe fundo se realmente sabe o que esta fazendo, do contrário é merda certa, seja como um pescador, relaxe, atire o anzol e espere, nunca se sabe o peixe que vem.
Eventualmente encontro algum daqueles colegas de banheiro, fumantes escondidos. Não precisamos dizer nada, nos reconhecemos como os perdedores, mas nos divertimos mais, a historia sempre pode ser diferente, mas achamos melhor não.Acho que nunca tivemos muito ideais,um mundo fantasioso, feito de fumaça e cheiro de mijo,era mais interessante que a vida dita “real”.
Gostava daqueles tipos. Mas naquele mesmo período, eu também tinha um outro interesse, uma colega de aula. A Drica, nome era Adriana, mas chamavam-na de Drica sapata.Na época era ainda era apenas uma sandalhinha. Essa era realmente interessante, parecia uma amazona muito masculina. Todo homem tem fantasia com lésbicas, sempre sonhamos que nossa esposa, namorada ou etc...estejam na cama alguma e ambas se divirtam e depois nos divirtam. Alguns homens negam,mas a idéia é interessante. Drica era mais ou menos assumida, desde de muito cedo. Longos cabelos negros, sobrancelhas grossas, uma boca de desenho duro e olhos claros. Era meio gordinha, sempre mal humorada.
Não sei, este conjunto na minha cabeça a tornava desejável. Ela vivia com a meninas mais bonitas da sala, não dava atenção alguma aos meninos.Todos éramos muito idiotas na época. Todos achavam Drica horrível para os padrões, já pra mim, ela tinha uma coisa diferente, a voz na época era suave, sempre muito carinhosa com a meninas,andavam de mão,aquilo povoava meu imaginário .
O ano passou, Drica acabou saindo da escola e nunca mais nos vimos.Tudo cai onde deve cair, no esquecimento.Eu não mudei, os tipo exóticos ainda mexem comigo. Achei que nunca mais iria a tornar a encontrar Drica, porem nos encontramos este dias numa famosa doceria da cidade.
Realmente agora estava assumida demais, andava pesado, com sapatos masculinos, o cabelo mais curto e preso, sorridente, a voz ganhou um tom de grave, acho que mais grossa que a minha. Continuava gordinha, tinha muito pelos nos braços e falava como um homem. Eu e minha maldita memória, o rosto dela ainda era o mesmo. Logicamente que ela não lembrava nada de mim, era apenas mais um idiota que a achava gostosa. Mas iria arriscar mesmo assim. Me aproximei:
-Com licença, por acaso o teu nome não é Adriana?Ou Drica?
-Sim Adriana, porque ?
-Adriana, tu estudou no Colégio Assis, lembra, eu sentava a duas classes de ti, atrás, sou o Fabiano...
-Bahhh, é tu mesmo cara? Como é que tu lembrou de mim ?
-É, tenho boa memória pra algumas coisas.
Então Adriana, me abraçou como homens se abraçam, era forte, ela estava tão máscula que tive a impressão de ter até pau.Não pode ser...
-Que beleza, tu não mudou nada! O tempo não passa.
-É, tu estas diferente ne Adriana?
-É to melhor, naquela época tinha muitos problemas, agora não, to feliz, casada, e trabalho pra fora, no interior, coisas de criação de gado, me encontrei com isso.
Neste meio assunto, chega uma mulher muito bonita, uma ruiva, cabelo bem vermelho, sardinhas nos rosto, fartos seios e magra. Aproxima-se de Drica, beija na boca. No local onde estávamos os olhares se voltaram para elas. Província é complicada. Eu fiquei excitado com aquela situação, aquilo era perfeito, eu e elas.
Drica não deu atenção a todos aqueles olhos, me apresentou rapidamente sua bela esposa e nos despedimos amigavelmente. Aquelas duas exalavam prazer, não precisaria nem transar com elas, queria apenas ficar observando só isso.
Fiquei parado ali, vendo-as se afastar, era um bom momento.Eu ainda gosto dos tipos exóticos, talvez fosse fantasia, talvez eu ainda estivesse naquele banheiro infecto fedendo a mijo, fumando num canto e fantasiando. Relaxei, é bom ver que as coisas mudam, tanto faziam se melhoravam ou pioravam, mas mudavam.
Peguei meu caminho.

Luis Fabiano.
A paz as vezes fede a mijo.

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