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quarta-feira, junho 03, 2009




Flor do pântano

Nunca neguei apreciação pelas mulheres da vida,a amiga das amigas,vadias, prostitutas, putas mesmo, elas tem meu profundo respeito e carinho, realizando a mais antiga profissão mundo, trabalho é trabalho, enquanto uns trabalham onde outros se divertem, outras mandam bala onde e como for possível para ganhar uns trocados ou alguns milhares, mas todos querem é ganhar a vida. Não existe glamour algum, a vida é realmente dura batalha na convivência marginal no sentindo de ser a margem.
Eu devia ter uns trinta anos mais ou menos, e fazia o perfil de sair de segunda a segunda as noites quando saia do trabalho, vida de solteiro e agradável, quase todos os dias em um cama diferente, com alguém diferente, diversão eu chamava isso na época ,porque realmente não existia maiores interesses eu não buscava uma pessoa interessante para conviver, diga-se de passagem não que não sou o tipo agradável de convivência, mas neste dia em particular eu não me sentia bem, parecia que uma Píton oprimia-me o peito levando-me a um estado depressivo, região abissal sem inicio e sem fim,mas era a verdade daquele momento, muitos motivos haviam me levado aquele estado,a principal era a solidão e uma sensação que eu não pertencia ao mundo, bem eventualmente todos passamos por sensações semelhantes, tristezas, cansaço e outras coisas, então existe um dia que isso vem a tona, como lixo toxico e ficamos narcotizados diante nossa própria imagem e suas representações míticas.
Então decidi que não iria para casa, que iria beber algo na rua como sempre, e depois iria voltar ao lar e entregar-me a Morfeus ou algum outro deus miserável qualquer que me “apagasse”, assim foi, fui ao barzinho de costume, uma espelunca decadente a qual já me tornara conhecido infelizmente, em plena Deodoro, lugar com musica sertaneja ,com um leão de chácara que mais parecia um armário de portas abertas ,que se tornou meu amigo, e quando chegava eu já gritava: e aí Romeu? Tudo calmo?
Ele com um palito interminável na boca, apenas fazia uma expressão de sorriso e dizia:
-Tudo calmo, e quero que fique assim,vieste bater o ponto?
Aquele muquifo, com “moças” profissionais do amor, semi-nuas desfilando, dizendo coisas tipo: Oie..tudo bem? Vamos nos divertir? Vamos brincar um pouquinho...
Umas pegando a minha mão e colocando no seu sexo, umas peludas outras com total ausência de pelos pubianos (confesso que aquele dia não estava afim, mas o cheiro natural de vagina é profundamente afrodisíaco, principalmente quando não estão cem por cento asseadas, um paraíso para homens que gostam de mulher...), pensava comigo mesmo: seria bom que as vaginas delas fossem abissais, assim poderia me afogar-me, me deixar cair naquela abismo sem fim, cair eternamente, que morte gloriosa, feita de dor e prazer e besuntado em intermináveis líquidos, secreções e etc... Delirei, porque embora existam vaginas grandes,mas nenhuma delas chegar a ser abissal...embora emulem...fazendo um Jegue sentir-se broxa!
Cansei daquilo ali e de mim mesmo...e decidi ir embora, dormir era o melhor remédio.Peguei o carro e quando dobro a esquina para o Osório, uma linda mulher, branca como a neve e longos cabelos pretos, uma mini saia pequena e uma camiseta branca curta, me ofuscam na esquina, sim, eu me assustei porque, pensei, que diabos fazia aquele mulherão ali? Parei o carro, até mesmo para verificar se não era um travesti, a noite tudo fica meio parecido, olhei para ela e disse:
-Tudo bem?
Ela, com os olhos meio brilhantes, fez um sorriso tímido, e respondeu:
-Sim, tudo bem,e tu?
Eu fui sincero naquele momento, alias raramente sou sincero, mas eu estava me sentindo mal demais para fazer gênero naquele instante:
-Não to bem, alias to péssimo, me sinto uma das piores espécies da raça humana hoje, to sozinho, cansado e perdido, ta bom isso pra você?
Estranhamente ela faz uma cara de quem esta tocada pela minha situação, foi estranho porque geralmente putas avaliam você como um negocio, se você vai pagar ou não essas coisas, ela não, ela fez um olhar meigo, ou estava vendo meiguice onde não existia por minha própria miséria intima ?
Então ela aproximou-se da janela do carro, seu cheiro de perfume invadiu minhas narinas, e com uma voz maternal, alias muito maternal, disse:
-Então deixa eu cuidar de você,hoje e só por hoje sou a mulher da tua vida.
Entrou na carro e sua postura mudou, não era profissional, parecia minha namorada, uma amiga de muito tempo, paramos na avenida Bento, e conversamos por mais de duas horas, tomamos cerveja, comemos fritas, sorrimos muito, contamos nossas vidas, dividimos nossas misérias e celebramos nossas alegrias, por fim ambos tinhas a impressão que éramos conhecidos de muito tempo, foi quando me dei conta que não ambos não sabíamos os nomes, perguntei o nome dela, ela sorriu e falou calmamente:Heloisa, com H, e sorriu, e o teu qual é ?
-Luís, com acento agudo no í...
Gargalhamos...diante da besteira, por fim nos abraçamos e houve uma magia, um encontro de almas perdidas nas vagas tempestuosa da vida, ali era a calmaria, eu me sentia melhor, e nossos lábios se encontraram como o primeiro beijo dos enamorados, tão belo, tão único, tão vivo, o beijo ciciou aos nossos corpos e estes explodiram de desejo,vontade, mas um desejo repleto de caricias, me sentia algo humano, distante da selvageria que me era tão natural na busca do prazer.
Fugimos dali e fomos para um quarto e motel de meu costume, tranqüilo, quando chegamos pegamos nossas mãos, e ela no alto dos seus vinte e seis anos era ” imensa” eu com trinta e um era inocente, fomos nos abraçando lentamente, nos querendo com sutileza, o rosto de Helo estava translucido como se houvesse luz em seus olhos, nossa roupas foram caindo, os corpos se tocaram, nos amamos como nunca talvez tivéssemos amado a ninguém , depois de uma sinfonia de sons serenos infindáveis, um silencio, quando olhei o rosto de Helo, ela chorava delicadamente, me preocupei e perguntei:
-Se estava tudo bem, se eu havia feito algo errado, se ...
Ela sorriu e disse:
-Não, nada, ta tudo ótimo, eu apenas me emocionei, porque isso que aconteceu aqui foi tão bonito, tranqüilo, sereno e me sinto em paz, obrigada...Secou a breve lagrima que caia.
Eu olhei para ela, abracei-a com ternura imensa, ela declinou a cabeça no meu peito e ambos desejamos que o tempo não passasse, afaguei e ela a mim, me senti aconchegado nela e ela em mim, adormecemos nos braços um do outro.
Quando amanheceu, fomos embora, perguntei a ela quanto...quanto...era...
Ela disse que, o que havia acontecido naquela noite não existia dinheiro algum que pagaria, existem pensamentos, emoções e coisas...principalmente coisas que o dinheiro nunca e jamais irá pagar, talvez pudesses pagar pelo meu corpo, mas não as caricias da alma...essa não tem preço.
Fomos embora e a deixei onde havia pego na noite anterior, e nunca mais tornei a vê-la...quando penso nisso, tenho a impressão que fui visitado por uma fantasma...

Ps- Heloísa não sei se é seu nome verdadeiro, ela me disse que eu era, em nossa conversa ela falou que era a sua primeira vez na profissão, e que não tinha experiência,quando amanhecemos,ela me disse que jamais voltaria aquela esquina que nos encontramos, pois na noite que se seguiu ela percebeu que o sexo é algo maravilhoso demais para ser assim vilipendiado, aquilo que nos envolveu e aconteceu foi bom demais, se ela tornasse banal tudo perderia o sentindo, e ela não queria perder esse sentindo.
Dedicado a Heloísa.

Paz profunda a todos.

Luís Fabiano.

2 comentários:

Anônimo disse...

Que isso Fabiano, resolveste contar as tuas memórias no Blog? Bem és um mutante, este teu blog não tem uma linha de pensamento, mas eu gostei, gosto de originalidade.Parabéns.

Di.

Fabiano disse...

Não na verdade o Blog foi feito para que eu possa conversar comigo mesmo, a parte divertida da coisa, as memórias estão vindo em um pequeno opúsculo,em forma de bomba,ali ficaram eternizadas minhas reais e verdadeiras memórias.Aguarde os comerciais.
Obrigado pelo comentário.