Délivrance, ou parir mesmo...
Bem sei que existem assuntos que homens não devem dar opinião, talvez por lhe faltar os órgãos sensórios e anexos para isso, mas quando cavuco minha memória infalivelmente, lembro-me de situações que tive a boa oportunidade de vivenciar, de ouvir e mesmo presenciar.Talvez minha inspiração advenha por ser o mês das mamães, eu termino por lembrar-me de boas mães e mães ordinárias,a vida é assim mesmo, gostamos de pensar ou imaginar que as mulheres grávidas, que todas as mulheres acham a maternidade “o ponto alto de sua vida”, bem o quadro não é tão poético assim, considerando-se as situações diversas que a mãe passa, desde a mudança psicológica, carência, sensibilidade, mudanças físicas, incômodos diversos de sono, comida etc...e no meio deste caminho ainda a jornada tripla de trabalho? Poesia, bem fica muito belo aos poetas disse-me uma grávida estes dias...
Mas no final todos choram e todos se emocionam e tudo vira alegria ao berrar do rebento, se bem que agora o ritual do nascimento tem quase uma coreografia repleta de desnecessidades, visando o “conforto” da mulher, que pode ganhar seu filho anestesiada , lendo uma revista de sua preferência, sem dor alguma, ela quase não se dá conta, que a criança nasceu, não precisa fazer nada, não participa de nada, dá a luz como uma francesa indo ao shopping, usando a ultima moda! Modernidades que na Europa começam a ser questionadas, mas não irei entrar por esse caminho, afinal eu não “pari” nenhum filho.
Na época eu trabalhava no hospital (diga-se de passagem que tive uma gama de empregos, o que me permitiu ver varias facetas das pessoas, eu agradeço a isso...), eu era um simples digitador, totalmente desimportante, mas adorador de enfermeiras , (fantasia de todo homem de bem...), o que era muito agradável, pois onde eu ficava podia observá-las indo e vindo em seus uniformes alvos, era muito bom, ao menos naqueles dias difíceis de meu viver.
Tudo ia como sempre, meu cotidiano era enfadonho, mas é o que se espera da vida, que ela seja enfadonha e com alguns raros momentos de alteração, se bem lembro minha vida era extremamente enfadonha, uma mesmice, mas tudo é quebrado por momentos, e aquele dia eu fui trabalhar como sempre, cheguei em meu trabalho, tomei o típico chimarrão com os colegas, falamos algumas asneiras e em fim fomos a faina, era isso e nada porem...uns pequenos gemidos começaram no ar , eu sentado em frente ao computador, imaginando que talvez fosse alguma criança que passava mal, o escritório ficava bem abaixo da pediatria, então eventualmente um choro ou outro era natural e esperado.
Os gemidos foram ganhando ares mais intensos, e percebi que tratava-se de uma mulher adulta, bem pensei comigo, “alguém deve estar, chulapando a mocréia “, disse isso de mim para comigo mesmo, até que começaram a surgir os colegas de trabalho que também curiosos pensavam:
- Nossa, ela ta gemendo muito, isso deve estar ótimo...que transa maravilhosa...e risinhos...
Todos nos entreolhamos com aquele olhar que é um misto de desejo, reprovação e admiração, coisa complexa de dizer, mas sempre que as pessoas vêem, ou escutam alguém transando pensam algo assim, é natural os moralistas reprovam, os libertinos adoram e os indecisos sorriem amarelo em cima do muro! Mas a verdade que todos pensamos em sacanagem, é claro, e aquela dama agora não mais gemia alto, ela berrava, gritava, urrava em um frenesi maravilhoso a mentes férteis, confessei que nunca nenhuma mulher gemera tanto comigo ( homens gostam que mulheres berrem, faz eles se sentirem uns “puro sangue”, mas elas não são muito adeptas a isso, mesmo em tempos “modernos”, as mulheres são muito travadas sexualmente...), por fim não resistirmos e fomos até o andar onde acontecia o espetáculo, lá nos deparamos com algumas pessoas na porta da sala de partos, todas pensando a mesma coisa.
Por fim, sai um auxiliar de enfermagem lá de dentro, com um breve sorriso na face, dizendo para nós:
-Se ela grita assim ganhando filho, imagina fazendo...
Todos rimos, sim aqueles gritos excitantes, sexuais, apelativos eram de uma parturiente, em trabalho de parto, bem, com tal noticia muitos ficaram aborrecidos, pois esperavam ver uma cena digna de Rocco,o ator pornô que garante que comeu mais de mil e quinhentas mulheres, um recorde admirável, todos riram, mas porem eu comigo mesmo pensei em minha mente libertina, a Pregnofilia( desejos sexuais por mulheres grávidas)despertou em mim, claro os gemidos de dor daquela mulher aliados ao prazer, tornavam o momento realmente belo, entre os berros dela a inspiração de gemidos de prazer e vice-versa,adorei a idéia!
O auxiliar disse que o medico já estava olhando para ela com cara de tesão, pois afinal aqueles gritos que deveriam ser de dor eram a manifestação de um gozo pleno, uma gozada daquelas raras mesmo...embora claro, fosse algo muito cenográfico!
Depois disso tudo, não tinha muito a dizer, ela ganhou a criança em um gozo sem fim, e creio eu todos foram felizes para sempre ?
Realmente não sei, mas essa é outra historia...
Paz a todos.
Fabiano.