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terça-feira, outubro 07, 2008






Da famosa e inesperada Série:
DOENÇA & Doença minha...

Mesmo que não queiramos a vida é um palco imenso, e nossos papeis estão estranhamente distribuídos, a rigor em algum instante nos vestimos de palhaços, príncipes, princesas, bruxas, fada má, e interpretamos nossa realidade da forma possível, não existem críticos desempenhamos um papel pueril e fim, não julgo nada mas confesso que sou um voyeur em potencial, alias isso me acompanha desde de muito joven, o prazer de observar as pessoas(não me refiro tão somente as praticas mais intimas...mas todas as vivencias, boas ou más, engraçadas ou melancólicas gosto de olhar gente vivendo...)logicamente é ótimo espiar sem ser visto, lembro-me de historias de minha infância em que no colégio ficávamos vendo nossas coleguinhas fazendo pipi, olhando por furos feitos exaustivamente nas paredes, prazeres débeis, mas que fertilizam a mente com o doce e picante aroma de mijo...eu era criança mas nunca fui inocente, jamais quero ser tal coisa...
Mas volvemos ao ponto inicial, agora por prazer pessoal a vida me oportunizou estar mais em contato com hospitais, planos de saúdes, médicos, enfermeiras e atendentes de saúde em geral, tal oportunidade foi criada por mim mesmo numa espécie de auto-flagelo infeliz, pela minha “total” ausência de pecados, então estou dando minha cota literal de sangue ao mundo...afinal todos dão...meu dedos também o dão...(esta historia merece um texto a parte...em outro momento narrarei o meu ridículo original, é preciso respeitar o próprio ridículo e rir dele mesmo numa espécie de catarse...)então tenho visto sempre nestas breves visitas a um certo pronto atendimento, situações que passam despercebidas pelas pessoas, exatamente, vejo o ridículo de cada um com tanta nitidez como vejo o meu,e mesmo diante de um quadro “doloroso” as pessoas realmente fazem coisas muito estranhas e as vezes até chorar...de minha parte como o voyeur profissional me delicio tudo, aproveite você também, de uma espiadela como quem não quer nada, sei que você tem vontade...

A Histérica Elegante:


Sentado em meu servil banquinho de espera, tempo é tudo que tenho e como num aquário fico apenas com a cara de tolo, sorrindo patético, cumprimentando e as vezes falando uma outra besteira qualquer que algum outro irmão doente fala comigo, decididamente fila de pronto atendimento é uma espécie de delegacia as avessas, a pressão é quase a mesma, um ar de ansiedade no ar e natural de sempre reclamações (eu não reclamo meu caso era totalmente desimportante, afinal quem daria atenção a frieiras em carne viva ?Nem eu dei...)
Como estava fiquei, com as pernas esticadas olhando televisão, então a paz de todos os doentes foi severamente alterada, sai do atendimento uma bela senhora, alta, salto agulha, usando um terninho em tom pastel gelo,loira de cabelo claro, um rosto bem decorado, um corpo respeitável e aos berros com Deus e o diabo na terra, dizia ameaçadora:
-Como pode isso? Pago uma fortuna por este plano de saúde para eu ficar trinta e quatro minutos em uma cadeira, passando mal e as pessoas apenas perguntando meu nome, meu nome, meu nome, como pode isso?? É inaceitável...tenho direitos...
A miserável atendente tentava redargüir com sorriso amarelo:
-Calma senhora, a senhora já será atendida...etc...
Mas tudo era em vão, aquela mulher estava realmente muito” mal”, desfilando de um lado para outro no saguão ao som de toc, toc, toc do salto dava a todos nós um sincera comoção de que estava severamente muito adoentada, passando muito mal!!!Caminhava e xingava, embora vestida de executiva ,ao vê-la agir de tal forma foi inescapável meu malicioso pensamento, meditei silenciosamente: nossa, tão bem trajada e tão próxima das rameiras vagabundas que berram e reclamam de seu cafetão amado, o dinheiro de seu bom serviço...realmente não me interessava se ela tinha razão ou não, apenas o comportamento sugerido, a fazia a mais elegante rameira que já vi.
E ela seguia xingando, e ameaçando as atendentes, e em um dado momento disse:
-Onde é a assistente social de vocês? Tenho não uma reclamação, mas inúmeras e terão de ser tomadas providencias,para o descaso que estou sofrendo(a voz metálica e alta...), porque eu sou de cobrar, vocês vão ver...vou para minha casa, porque lá meu marido irá me cuidar de mim, e não ficarei aqui mofando numa cadeira.
Saiu porta a fora, ganhando a liberdade e nos libertando dela, os doentes em paz quase sepulcral . É claro que especulações não faltaram, a chacota veio rapidamente a tona, um doente do meu lado disparou:
-É, isso é mulé mal comida...fica assim...atacada, é coceira...é coceira...rs...rs..rs.
Falou isso muito baixo e claro ri.
A meninas atendes comentavam entre si:
Você viu fulana, a aquela mulher teve aqui de novo, ela sempre faz aquele esparro dela...e comeram a rir da tola, histérica porem elegante dona tal...
Não entendendo muito de atender doentes, mas entendo de egos superdimensionados, de falsas dores e de transferências psicopatológicas, e ela tinha tudo isso, talvez mais dor que as físicas, que talvez ela estivesse feridas na alma, doem muito mais e por vezes os outros são fúteis válvulas de nossas própria aberração!
Ali fiquei eu balançado meu pé...até chamarem....
Próximo...

Luis Fabiano.
Doce Veneno da Ironia é um balsamo para mentes inteligentes.

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