“...depois veio o verão de Seu êxtase, e estava sobre nos o junho de Seu amor.Não falava de nada, então, senão do outro homem - o vizinho, o companheiro do caminho, o forasteiro, os amigos de infância.
Falou do viajante que jornadeava do Oriente ao Egito; do lavrador voltado para casa com seus bois, ao entardecer; do hospede inesperado, trazido a nossa porta pela escuridão.
E dizia:”Vosso próximo é vosso Eu desconhecido tornado visível.Sua face refletir-se-á em vossas águas sossegadas, e se fixardes nela vosso olhar, podereis contemplar vosso próprio semblante.
“Se puserdes a escutar de noite , podereis ouvi-lo falar, e sua palavras serão o palpitar de vosso próprio coração.
Sede para com Ele como desejaríeis que ele fosse para convosco.
E num outro dia, Ele disse: ”Vos nunca viveis isolados.Estais nas ações de outros homens, e eles, embora desconhecidos, estão convosco todo os vossos dias.
Eles não cometerão um crime sem a vossa mão esteja com a sua mão.
Não cairão sem que também caiais; e não se levantarão sem que vos levanteis com eles.
Seu caminho para santuário é o vosso caminho, e quando procuram as terras áridas, também procurais com eles.
Vos e o vosso próximo sois duas sementes semeadas no campo. Junto cresceis e juntos ondulareis ao vento.E nenhum de vos reclamará o campo.Pois uma semente em crescimento não reclama sequer seu próprio êxtase.
Hoje estou convosco. Amanhã irei rumo ao leste;mas antes que vá, digo-vos que vosso vizinho é Vosso Eu desconhecido, tornado visível.Procurai-o com amor para que vos conheçais a vos mesmos;pois só com esse conhecimento, vos tornareis meus irmãos."

Jesus O Filho do Homem - Gibran