"...como Gulliver nas mãos do gigante, o homem desse tempo sente-se transformado em inseto, e debate-se na tentativa de descrever o mundo já irreconhecível, retratando-o com as tintas da revolta, do medo, da perplexidade, do humor cáustico, da ironia e da indignação. Assim, mesmo quando a sua produção literária está fundamentalmente comprometida com valores estéticos e místicos, o artista da transição observa a desagregação ambiente, faz prognósticos apocalípticos e, ao contrário do Adão expulso do paraíso estável, revolta-se contra a flamejante espada do querubim que lhe impede a reentrada no Éden. Copiando em escala miserável a altivez de Prometeu e Lúcifer, ele tem consciência de que a vida sequer se caracteriza pela falta de sentido pois, em geral, parece fundamentar-se no desastre.
Trabalhando a ambígua mistura de apocalipse e utopia, o artista invoca opções variadas antes de tomar o rumo definitivo e, como nova edição de romântico, toma consciência da responsabilidade social e política da arte; às vezes faz as escolhas mais absurdas, como, por exemplo, o americano Ezra Pound, que se volta para a antiga civilização romana em busca de parâmetros éticos, quando, em sua época, o que vige é o execrável e moderno fascismo italiano. Outros escritores, como Joyce, Virginia Woolf e Faulkner mergulham em vaga nostalgia da harmoniosa “arete” grega, e muitos talentos menores caem em beletrismo estéril. Nesse tempo, porém, de modo geral, poetas e ficcionistas deixam-se fascinar pelo esdrúxulo e o desvio, cultivam o masoquismo, traduzem as pulsões mais prementes da sociedade e, freqüentemente, transformam-se em absurdos paladinos de verdades mortas, desenraizadas. Percebendo que a beleza não se aloja no olhar do “beholder” nem no confuso mundo que observam, procuram-na nos meandros escondidos da consciência ou do inconsciente, no fundo da terra, na voragem do tempo recorrente, nas primitivas virtudes humanas.
Trabalhando a ambígua mistura de apocalipse e utopia, o artista invoca opções variadas antes de tomar o rumo definitivo e, como nova edição de romântico, toma consciência da responsabilidade social e política da arte; às vezes faz as escolhas mais absurdas, como, por exemplo, o americano Ezra Pound, que se volta para a antiga civilização romana em busca de parâmetros éticos, quando, em sua época, o que vige é o execrável e moderno fascismo italiano. Outros escritores, como Joyce, Virginia Woolf e Faulkner mergulham em vaga nostalgia da harmoniosa “arete” grega, e muitos talentos menores caem em beletrismo estéril. Nesse tempo, porém, de modo geral, poetas e ficcionistas deixam-se fascinar pelo esdrúxulo e o desvio, cultivam o masoquismo, traduzem as pulsões mais prementes da sociedade e, freqüentemente, transformam-se em absurdos paladinos de verdades mortas, desenraizadas. Percebendo que a beleza não se aloja no olhar do “beholder” nem no confuso mundo que observam, procuram-na nos meandros escondidos da consciência ou do inconsciente, no fundo da terra, na voragem do tempo recorrente, nas primitivas virtudes humanas.
James Joyce - Retrado de um Artista quando jovem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário