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quinta-feira, março 06, 2008
Antonio e Lolô
Isto é uma das muitas historias que a vida me permitiu a grata felicidade de brindar naqueles fugidios momentos em que a mente consegue pairar acima das pardas misérias da vida e então em um longo austo ainda uma vez respirar a plenos pulmões, e pode-se neste momento olhar para o ser humano e perceber-lhe o ridículo profundo, bem, somente quem ri de si mesmo é que merece a honrosa nomenclatura de próximo a “normalidade”.
Antonio e Loirací trabalhavam no mesmo emprego, embora em setores diferenciados, mas de alguma forma estavam sempre juntos, aliás enjoativamente juntos, já tinham agora então quinze anos de casados e comportavam-se como se fossem namorados recentes,com toda a manifestação dos casais em começo de namoro, profundamente românticos e apaixonados, não preciso dizer que todos achavam aquilo muito estranho, não era normal tanto amor assim, bem talvez ai entre um pouco de inveja das pessoas, suas frustrações e a decepção de não terem conseguido aquele nível almejado de “perfeição.
Loirací era chamada carinhosamente por ele de Lolô ,e ela o chamava de Totonho, Lolô era um tipo e mulher absoltamente comportada, vestia-se com sobriedade, nunca usava saias,ou decotes, sempre de calça e com uma blusa fechada, pouquíssima maquiagem embora fosse bonita, gostava ao contrario das mulheres ditas “normais” dar a impressão que era mais velha do que era, falava corretamente embora a inteligência em primeira instancia não fosse um dos seus atributos, com Totonho era absolutamente carinhosa ao excesso e isso era repugnante, melada, doce profundamente enjoativa como uma overdose de ambrosia, era amorzinho,Totonhozinho e outras tantas expressões que não relatarei para não enfadar o nobre leitor. Mas Lolô era absolutamente comportada moral,e moralista, as pessoas comentavam que o sexo entre eles que eram puritanos, deveria ser profundamente entediante com luzes apagadas e debaixo dos lençóis em um rápido papai e mamãe em uma ejaculação precoce e depois um banho para não dormirem com o aroma característico do “amor” ao que ela era acompanhada por Totonho, bem afinal a imaginação das pessoas é muito fértil, de alguma forma as pessoas tem a profunda patologia de falar da vida alheia antes de analisar suas partes pudendas!!
Totonho era um sujeito absolutamente chato, em seu serviço todos o achavam insuportável, tinha estranhas manias dignas de uma chato profissional, uma das coisas que mais demarcavam suas características assim associadas era a estranha mania de abraçar as pessoas de inopino, você estava conversando com ele e de - repente ele lhe dava um abraço de agradecimento ou porque qualquer outro motivo besta, sabe, aquele abraço de lado ao que pessoa não tem tempo de escapar porque era sempre de surpresa, constrangedor e mais uma vez chato, outra coisa que Totonho fazia, era a mania de cutucar o braço na altura do ombro do interlocutor enquanto uma conversa se estendia,mas quase ia me esquecendo, Totonho era de uma compleição baixa para as dimensões de um homem, era um homúnculo, pequeno, fisicamente fraco, vestia-se também de forma simples, e claro apenas atentamos ao detalhe de da calça acima da cintura com um cinto bem apertado, camisa sempre para dentro das calças, sempre barba bem feita,unhas com base e bem cortadas, não usava tênis nunca, sempre de sapato, alias tenho a impressão que ele dormia com aqueles sapatos, tinham um brilho impecável, quanto a idade,ele regulava com Lolô , mais ou menos entre 45 e 50 anos, mas como ela também fazia questão de se apresentar como se tivesse bem mais, falava de forma correta em bom português e como os semelhantes chamam os semelhantes, também a inteligência não lhe era um atributo que salientava.
Cabe aqui um esclarecimento ao néscio leitor, existe uma ligeira diferenciação, inteligência é uma coisa e cultura é outra completamente diferente, a inteligência tem cultura pois sabe os caminhos naturais para chegar lá, usa de simplicidade em suas complexas associações para chegar a uma resposta pessoal ou seja os frutos laboriosos de si mesmo, bem a cultura é algo burro,posso saber de todo tipo de cultura possivel de vários povos, e isso não é ou qualifica inteligência, pois a cultura é um papagaio que aprendeu a ler e emular, conheço gente culta e que são absolutamente burros, sabem citações de cor e profundas de artistas e filósofos mas obviamente sem noção de seu significado mais relevante, em outras palavras entende apenas obviedades, a inteligência é a capacidade de ver e entender o sentido das coisas, e finalmente, o intelectual é uma falso inteligente, um simplório bem maquiado, como diria sabiamente a Marquesa Merteuil,”não elogia-se o tenor por ele apenas limpar a garganta.”
Mas voltemos ao nosso belo ,perfeito e bizarro casal,então todos faziam os seus julgamentos como já descrevi, porem amigos, a verdade nunca se saberia, como não sabemos das intimidades de outra pessoa a fundo, intimidades de banheiro, solitárias intimidades onde um homem fica reduzido ao seu tamanho real e quase fecal...mas deixemos isso, afinal esta pode ser uma verdade mal cheirosa.
Então, Lolô e Totonho, encontravam-se no ponto(cartão ponto,ou cartão magnético para entrada e saída do trabalho) para registro de saída do trabalho e de mãos dadas iam para o lar, o ninho de amor o paraíso de Adão e Eva, onde mediante a rotinha de sempre, chegariam, Lolô iria preparar a janta e ele conversaria com ela e eventualmente iria acariciar-lhe as costas dando um beijinho no rosto,enquanto ela cozinhava as batatas para salada,ou o arroz secava, ele colocava a mesa talheres e copos, nunca bebiam durante a semana, e no final de semana ambos compartilhavam apenas uma cerveja(não que não tivessem condições,ganhavam bem, era comportamento mesmo...)então a terminavam de jantar, viam a novela comentando detalhes dos personagens e aquilo era a seu momento de entretenimento, a novela terminava e agora já passavam das 22:30 e ambos se olhavam com ternura e um brilho no olhar e iam banhar-se, primeiro ela pois as damas tem prioridade,Totonho aguardava do lado de fora do banheiro, Lolô demorava sempre, coisas de mulher, daqui a pouco ela aparecia vestida apenas com uma toalha, mas que estranho sua feição estava diferente depois do banho...que teria ocorrido ?
Totonho entrava no banheiro e fechava a porta sua higiene era relativamente rápida porque não havia muito o que limpar,ele estava sempre impecável, então neste instante tudo se modificava.
Ao abrir a porta do banheiro que era uma suíte, a escuridão iluminada por velas negras e vermelhas, ao chão um traje negro feito de couro incluindo uma máscara,Totonho já conhecia o ritual, deixava a toalha cair e vestia rapidamente o traje, e então uma voz forte se fazia ouvir no quarto semi escuro:Venha Escravo, venha cortejar sua dona, e uma gargalhada estridente digna de uma pomba-gira se fazia ouvir,Totonho agora escravo de joelhos rastejando ia lamber os pés nus de Lolô que então agora trajava uma lingerie de material negro e de plástica flexibilidade, um sutiã vazado nos bicos os seios, cabelos presos para trás,uma meia negra até altura da perna, a calcinha de couro negro vazada na parte da inferior da vagina, e preso com uma enorme prótese peniana negra (consolador), a boca vermelha rubra, ela estava irreconhecível, Totonho já sabia, e se entregava a pratica quase todos os dias, então, Lolô, agora berrava,gritava com ele, ordenando que beijasse,chupasse os pés, um chicote então estalava, fazia-se ouvir,os berros de Totonho pela dor eram ouvidos longe, mas aquele quarto era especial, Lolô gritava agora palavrões, cuspia no rosto de Totonho,o humilhava de todas as formas possíveis, por fim depois de duas horas de xingamentos e impropérios, gritava Lolô ordenando a Totonho que sentasse em seu consolo, a roupa de couro de Totonho era vazada nas partes dos órgãos genitais, tanto no pênis quanto ao anal, por fim ambos alcançavam o “orgasmo” em uma mistura de gritos, berros, e sons dissonoros dignos dinossauro no cio! !Então silencio letal...uma misteriosa mudança acontecia, Lolô entrava no banheiro e voltava vestindo a camisola de sempre em tom rosa até os joelhos, e com toda ternura dava um beijo no rosto de Totonho e então recomeçavam os mesmos carinhos de outrora, muita doçura, Totonho dizia a seu amorzinho que para sempre ambos seriam namorados e então ficavam mais de trinta minutos trocando juras de amor como sempre faziam no trabalho, agora com os alvos lençóis viravam cada um para seu lado predileto e adormeciam com toda a candura diga das fadinhas,anjinhos,gnomos e seres”puros” da natureza.
Então o dia amanhecia,e eles eram as mesmas e monótonas pessoas de sempre, porem naquele dia o seu filho voltaria para casa, ele ficou na casa de uma Tia naquela noite pois queria brincar com seu primo,Rafaelzinho voltaria para casa.
O filho é um capitulo a parte, mas isso ficará para outra postagem, pois Rafaelzinho precisa de algo exclusivo em função de sua digamos delicada personalidade.
Aos obscuros caminhos que a alma percorre
Ao que vê e nada enxerga, ao tolo que presume tudo baseado sem si
Ao ingênuo amarrado as ilusões da vida
A você que é uma pontícula entre o bem e o mal.
Nada é exatamente como você vê, veja para alem do limites e descobrirás a luz e a sombra de cada ente humano.
Paz e luz em teu caminho.
Luís Fabiano.
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