Pesquisar este blog

sábado, fevereiro 02, 2008

Da série erros da criação!

III – A comadre Zen

Sem dúvidas existem personagens que são emblemáticos por natureza, pois sua manifestação é toda mais exótica que o comum e claro não poderia ser diferente, pois a criatura é um traço similar ao seu Criador, a Divindade, e por ser justamente divina criou o homem a sua imagem e semelhança então o erro da criação é por sua vez uma espécie de perfeição compatível a criatura no sentindo de aprimorar-se, mas enquanto aprimoramo-nos não podemos naturalmente deixar de perceber o humor a que a vida faz, irônicas piadas entre dentes,lagrimas e risos e não temos como um bom observador deixar de um participe.
Ela era de uma compleição forte, diríamos eufemicamente(geralmente as pessoas educadas chamam obesos de fortinhos...), ossos fortes e algo salientes, um cabelo preto semi longo um pouco cuidado e uma personalidade, esta sim muito curiosa, lerda por natureza em tudo que fazia ou expressava, parecia em a maior parte do tempo estar em outro planeta em um outro estado de consciência, muito embora conscientemente justificada pelos padrões de “normalidade” que hoje elegemos,então comadre sentava-se a frente da televisão para assistir a sua viciosa e tediosa novela de sempre, afinal “todos” fazem isto porem para ela era uma atitude religiosa quase um rictus sagrado, sentava-se e entrava em transe hipnótico e então seus filhos começavam uma algazarra descomunal, imensa,intolerável,insuportável, praticamente colocando a casa abaixo entre gritos e correrias, e ela nem sequer percebia o ocorrido, seu marido, um “santo” homem que então percebia e tentava deter os capetinhas trazendo o inferno para dentro de casa faltando apenas as caldeiras, sem que comadre sequer desse conta do que mais ou menos se passava, alguém tentava lhe por a par dos ocorridos, ela apenas olhava para o lado e dizia filosoficamente:Deixe as crianças,elas estão brincando!! Então olhava para frente novamente e seguia vendo sua televisão como se nada no mundo estivesse acontecendo.
Gostava de comer frutas é verdade, porem levava um tempo absurdo para deglutir saborosamente uma simples maçã me refiro a muito tempo mesmo, de um modo geral ela era uma pessoa Zen naturalmente sem saber afinal apreciava o crescimento das pedras praticamente uma orientalista nata.
Eventualmente ela tinha estranhos ataques de “intelectualidade”quando então ficava o dia todo falando a respeito de algo de uma forma muito intelectiva e exauria as pessoas a sua volta de tanto que repetia suas colocações inteligentes, mas claro como tudo que seja burro em demasia ou genial em excesso leva-nos a um estado de profundo incomodo e comadre era assim, fortuitamente creio que nem mesmo ela se suportava, lenta e absolutamente lenta para tudo tinha uma profissão de professora, então tentem se imaginar alunos dela, uma aula praticamente fora dos eixos, sem nenhum controle efetivo sobre os alunos que a esta altura a cunhavam de apelidos diversificados em função desta sua natureza, sem duvida um personagem de cinema.
Então por fim a novela acabou..então como que magicamente ela acorda do transe dando-se conta do mundo a sua volta, seu olhar vago percorrer a casa...e então ela fica muda...sem nada a dizer...literalmente sem comentários.

Esta é uma homenagem a todas as pessoas que dizem: Não posso ficar sem minha novela!!
Levemente ácido/adocicado.
Fabiano.

Nenhum comentário: