Morte em dança
Tudo que fazemos gira em torno do morrer
Escolhas fortuitas
Lágrimas esquecidas
Brilho de retina
Tudo porque se morre
Beijos dados ao acaso
Filhos que crescem
Empregos que ficam e vão
Correr em desespero
Certezas profundas inflexíveis
Tudo
Absolutamente tudo
Porque tudo que vive morre
O amor eterno já não é
Paisagens lindas
Viscosidade da vida
Embebida em gasolina e gordura
Nossa total falta de noção
De uma finitude eminente
Tempo que não se tem
Morrem sim...
Morrem emoções boas e ruins
Como o sol se põe indiferente aos teus dramas
E a lua cheia por mais linda acaba por significar nada
Morreram, pais, filhos, amigos, cães e todos...
Decisão mais seria
Sentença mais aguda
Mesmo o suor da honestidade...
Morre
Morre-se lentamente
Finitude de poesia
Urdidura de uma canção não ouvida
Epitáfios vivos
E tudo isso pelo último suspiro.
L.F