Rei das Bucetas, verdades duras, falso amor e
reconciliando-se com o diabo.
PARTE II
Dizem que depois da tempestade vem a bonança, porra será?
Por muitas vezes tenho dúvidas disso. Nunca é tão
tranquilo assim, muitas vezes é profundamente alucinante, me sinto vivendo em
uma montanha russa eterna... coisas vem, coisas se vão. Ganho amigos e perco
outros tantos... sim, perder é algo que sou especialista, não é uma reclamação
mas apenas meu estilo.
O Rei diante de mim, veio até mim e abraçou como um pai
abraça um filho. É bom reencontrar amigos. O bar volta ao normal, musica começa
novamente, as mulheres tornam a dançar e agora a noite estava tranquila
novamente, a paz dançava entre nós:
- Porra Fabiano... achamos que tu tinhas morrido filho?
Porque tanto tempo de afastamento? Porque tu é um cara, que se morre
inesperadamente, a gente só fica sabendo uns dois ou três anos depois... e
sabes que a casa tem apreço por ti...
Sentia-me bem-vindo. Raros lugares abrem as portas para
mim desta forma.
-Foi mal Rei, é que andei ai envolvido em uns problemas,
a vida não é tão fácil, coisas a minha volta se complicam e a idade tu sabes
que é uma merda...a idade que faz é trazer alguma experiência e fuder o
corpo... ele começa apresentar problemas...é isso..
O Rei senta-se ao balcão comigo, um Almir Guineto toca,
uma morena com uma bunda grande vem dançar próximo ao Rei e a mim. Ele sorri com
satisfação, a saia dela balança naquelas nadegas moles...é assim que gosto, uma
bunda meio molinha...ao som do samba.
-Sim filho sei como é... mas cuide-se e tudo vai dar
certo. Comigo ainda nada aconteceu... acho que o criador ou próprio demônio tem
outros planos pra mim...
-Esses caras sempre tem outros planos rei...basta você
resolver algo e um deles fica contra você...
Fico olhando para bunda da mulher rebolando suavemente próximo
a mim...esse é o meu fraco, sorri pra ela suavemente ela retribui o sorriso,
mas falta-se dois dentes dianteiros, uma fresta feita de vazio e escuridão em
um boca promissora. Nem todos tem todos os dentes, e isso agora não importava,
o rabo dela era a quinta sinfonia, ao menos vestida.
-É importante filho ter um bom mecanismo de troca com os
dois... preste atenção, nunca desagrade totalmente um ou outro, porque ai ele
viram de costas pra você. Compense-os... seja bom algumas vezes... seja mal
outras vezes, isso mantem o equilíbrio do planeta, a terra sem o mal viraria
uma planetosfera de idiotas... e sem o bem tornar-se-ia o caos desmedido.
Reflexões da madrugada maldita, mas o Rei é assim.
Esbanja saúde e inteligência apesar do seus mais de setenta anos, ele come
muitas mulheres, mantem a piroca e mente afiadas. Penso em mim... certamente
não chegarei a esta idade, e isso realmente não é importante. Um segundo, dois
dias ou três anos...o que é isso?
Aquele rabo acabou me excitando. Sou fácil, tive vontade
de conhecer o gosto, o cheiro e os líquidos daquela mulher desconhecida e
desdentada, sou um fudido feliz. O amor é possível se você abre mão de algumas
cosias...só assim.
Então sem palavras, a desconhecida rebola próxima a mim,
lentamente passando a bunda em meus joelhos, o rei sorri. O consentimento a
putaria é uma espécie de perdão do diabo, não te da paz... mas não te acusa de
porra alguma.
Fico naquela, o álcool já havia feito o trabalho mais
duro, me sinto relaxado e pronto para o vier...a foda das estrelas, sorrisos
desdentados e bucetas sedosas...é disso que a vida é feita? Não?
Como um tornado rompendo a merda toda, Jussara entra
rugindo e tem na mão uma lamina, num piscar de olhos, caos e gritos, Jussara
veio para me matar definitivamente. Ela rapidamente acerta um soco na mulher
que dançava nas minhas coxas, ela não teve a menor chance, esta diante de mim e
aponta a faca pra mim agora:
-Seu filho da puta... eu te avisei seu porra... de hoje
não passa...
Salto para trás, derrubando tudo no chão, bebidas bancos
e cadeira...estamos frente a frente... o Rei fica olhando a situação.
Estranhamente não tomou posição alguma... será que o lance do mal me incluía neste
momento?
Jussara tem sangue nos olhos e lagrimas também... um redemoinho
de emoções...
-Eu te falei Fabiano...tais fudido cara...hoje é o teu juízo
final...seu filho da puta....
Ela tenta me acertar... mas visivelmente não tem habilidade
com uma faca nas mãos. Você acha que é pegar uma faca e atingir o alvo? Ledo
engano, se não for de surpresa você pode se dar mal.
Estou ligado... e certamente não morrerei de facada.
Todos no bar ficam olhando a situação, Jussara furiosa era uma poesia
destruidora e encantadora. Cabelos crespos desgrenhados, um vestido decotado nos
seios mostrando a sua apoteose, olhar ferino... era uma cadela maravilhosa.
No chão a morena da bunda grande vai se erguendo e saindo
de cena... e então o rei decide dar um basta naquilo...mas Jussara retruca:
-Não te mete Rei... sabe como é...hoje é o dia dele...esse
puta vai se encontrar com o diabo...
-Hoje não é dia de ninguém porra nenhuma... e deu desta
merda Jussara...me dá a faca! Vamos...
-Não rei, não te mete nisso...
-Não tem essa de não te mete... larga essa merda...Jussara...
Jussara investe contra o Rei... e num momento de desatenção
dela eu consigo pegar o braço da faca... e a seguro pelo pescoço. Agora havia
acabado a brincadeira toda...
Como uma fúria descontrolada, tudo aquilo havia me
aborrecido muito. E o algo que havia em mim adormecido agora acordava da
maneira que eu não gostava que fosse.
O bar está um caos... todos gritam... o Rei grita, Tonho
grita, o samba é silencio...bebidas derramadas no chão... Jussara vocifera e
chora e dentro de mim uma raiva vinda do Tigre... então ele ainda vive... em
mim? Havia tanto tempo que ele não despertava... estou vivendo no limite e temo
que o futuro o solte e então...
Deita caos em vestes negras
Beijo com dentes afiados...
Abraços de navalha
Caricias que machucam
Vertigem melancólica das dores
E o romper de sonhos em danos...
Rugindo em uma noite sem estrelas
Descendo o corte, o machucado e a vastidão do nada
Agora eu seguro Jussara pelo pescoço forte, a faca tomba
no chão... tenho em mim o desejo de matá-la, como já aconteceu em outras
vezes... é um impulso caótico totalmente sem controle, é como se eu não
respondesse por meus músculos, eles fazem a dança do instinto e farão o que
tiver que ser... uma pequena voz longínqua fala em mim... e não consigo
escuta-la... Jussara começa a ficar sem ar em minhas mãos, e ela nunca teve tão
linda assim perto da morte... olhos arregalados como se tivesse visto o
diabo... a pulsação forte, babando em minha mão...a beleza do caos desfila...
olhos do desespero pedindo clemencia...mas não há...
Então o Rei pula sobre mim, me agarrando pelo pescoço num
mata-leão indefensável... eu acordo do transe que entrei... percebo que tudo está
errado... que é preciso parar...é preciso parar Fabiano...para Fabiano...
para...
Segue....
Luís Fabiano.
Segue infelizmente...