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segunda-feira, setembro 30, 2013

Viagem, Sandra e um amor desfeito




Viagem, Sandra e um amor desfeito

Não posso reclamar da existência. A porra da vida tem sido até que bem bacana comigo. Me sinto livre, me sinto fazendo o que quero, como quero e hora que quero. Tudo tem um preço isso é verdade. Ok, foda-se tranquilo, pague o preço e viva, viva o mais intensamente possível. Essa é a minha única proposta. Sem intensidade eu me sentiria morto. Seja intenso ao abrir uma lata de sardinhas, seja intenso comendo miojo, seja intenso trepando com a sua mulher. Pois uma coisa é certa: não temos o tempo que pensamos ter, não temos bola de cristal e não é possível deixar espaço para o depois...

Abro os olhos, me sinto tranquilo. Ainda que eventualmente tu fodas com a vida de alguém, você precisa se sentir tranquilo. O jogo humano é feito disso, feito de injustiça, feito de dores, feito complexidades tantas, feito do que deixamos para trás. O amor cobra seu preço... vai pagar? O sexo cobra seu preço, a bebida cobra seu preço, a paz cobra seu preço, o patrão cobra seu preço... e você também cobra o seu.

A noite cai, a lua parece bonita demais para nós humanos. Embora que se pensarmos com objetividade, na lua linda que amamos, não tem absolutamente nada, é um lugar horrível de estar, estéril, frio, se ar, sem gravidade...um lugar sem ninguém... um lugar morto. É isso, a lua é uma lugar morto. Penso em tantos amores, e namoros embalados a luz do luar... é como se a morte estivesse ali dizendo: ei seus putos, estou de olho em vocês. Ou talvez vejamos subconscientemente na luz da lua, o traço de nossa finitude?

Puta que pariu... quanta profundidade.
Olhei para Sandra que estava jogada sobre a cama. Uma visão linda... ter uma mulher que se gosta nua sobre a cama... sorrindo pra você, olhos que chamam, braços relaxados, os pelos da buceta alinhados e grandes... uma leve gota de suor escorrendo pelas costas. Eu estava sentando na poltrona, sem roupas e com um grande copo de rum em minha mão.  Cena feita de poesia, e uma felicidade presente... não precisaria de mais nada.
Sandra em silencio, sorria. Não resisti aquilo e começamos tudo novamente. 

Mas antes introduzi a minha língua quente, molhada no seu cu e fui subindo lentamente pelo rego, até aquela gota se suor...pingo de brilhante desvendando a vida, ´pingo de vida. O gosto de rabo de Sandra estava maravilhoso, e depois aquela gota salgada preencheu meu paladar. Sou incansável e se pudesse sugar a alma dela para dentro de mim... assim seria.

Sandra era artista plástica. Temos uma história curiosa, meio Último Tango em Paris. Sem o requinte de tal. Nos conhecemos em uma fila de lotérica. Artistas pagam contas... ela deixou cair uns papeis no chão...e bem, o resto foi mais tranquilo que se possa imaginar. Nunca espero essas coisas... mas sou visitado com alguma frequência por elas. Fui gentil, alcancei os papeis para ela...estava de minissaia e vi suas pernas lindas...e depois seus olhos me sacando. Porra... ela sorriu com leveza e tive vontade se come-la instantaneamente. Sou assim... somos meio bicho. Quantas punhetas para mulheres desconhecidas bati... as fodi com o pensamento e com um pouco de porra no chão. Ótimo.

Começamos a conversar, ela agradece a gentileza... e aquela magia acontece. Entramos conversando pela arte, e terminei na cama dela. Sandra é apaixonada se entrega, se dá , fode com paixão. Parece livre... não pensa em preconceitos, não pensa em moral, não pensa em certo e errado... Sandra vive. Como você jamais viverá. Sandra não faz parte das mulheres perfil e padrão, nem mentalmente ou fisicamente. É gorda, cabelos longos, seios grandes e meio caídos, bicos negros e pontudos como uma lança, prontos para te matar, o seu pincel desliza suave sobre a tela, cores translucidas, suas mãos macias é uma alma boa, suas coxas grossas antevendo o paraíso. 

Não sei o que tenho Sandra... e nem ela sabe o que tem comigo. Gostamos de trepar, sem mais delongas, sem frescuras, sem tratos, sem previas...e sem lugares certos...as vezes sem preliminares, ela gosta que enfie a seco... gosta de ter a sensação de estar rasgando...se rasgando, geme como uma cadela apaixonada...e isso é tudo que temos. Fácil e simples.

Depois que gozamos novamente, ela para o olhar para mim. Algo que nunca fazia. E havia algo ali... algo não pronunciado. Tenho um cigarro Black mentol entre os dedos... ela lambe um pouco da minha porra e então:

-Fabiano...eu to indo embora para a Europa, daqui a dois dias...
-Ok.
-Acho que vou ficar por lá uns seis meses...
-Ok.
-Tu só diz ok?
-Sim ok.
-As coisas são simples para nós né?
-Sim Sandra, não existe visto de permanecia, nem contrato de casamento, nem certificado de certeza... ambos gostamos de prazer...e é isso... arruma um Europeu ou Europeia por lá...sei que você não se prende a gênero... e goze, goze pra caralho...
-Mas eu volto Fabiano...e...
-Psssssss, não diga nada não...não fuja de nossa simplicidade...amor por vezes fode tudo.

Sandra ri.
Essa é a merda da convivência humana. Nada na vida permanece estático. Nada. O coração bate ainda que você seja de pedra. Por vezes abomino a natureza que faz que tudo se complique. Natureza, você é filha da puta... e por vezes horrenda. Deve ser por isso que o homem se vinga da natureza todos os dias...

Ficamos naquilo, eu senti vontade de vestir minhas roupas e sair. Queríamos que mantivemos a dignidade no fim... sem adeus, sem saudades, sem amanhã, sem até a volta. Sandra fica ali me olhando...me visto e saio, sem dizer absolutamente mais nada.
Estamos salvos.



Luís Fabiano.

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