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domingo, maio 26, 2013



Navalhadas Curtas: A vida não é vinho...

Tive um caso tosco e breve com Vivi. Eu sempre me envolvi profundamente nesta época... Talvez por ingenuidade, burrice e imaginando que a outra pessoa pudesse dar algo...

Na época, ela era cheia de pudores e preconceitos: não faço isso, não faço aquilo, tenho vergonha... entendi tudo porem não aceitei. Sou assim, nunca ninguém sabe exatamente o que estou pensando, prefiro assim, se tiver que atacar que seja inesperado... pra mim funciona. Então foda-se.
Um dia a deixei, sem mais nem menos. Me cansei das limitações. Não nos falamos mais, até ontem, quando a encontrei na rua.

Puta que pariu. A vida é vinagre. Vivi, não é mais nem sombra da mulher que era... Não sei exatamente o que senti ao vê-la.
Olhos apagados, corpo magro do vício de crack... Dentes meio amarelados, tetas murchas, pernas finas... olhar de gente maluca. Ela me reconheceu:

-Fabiano... Fabiano... cara quanto tempo hein...chega aí...
-Viviane... É muito tempo... Tu estas...
-Horrível cara... to um monstro eu sei... vejo pela tua cara...

Pensei se atenuaria... Achei melhor não:

-É...

Ela se abraça a mim, num impulso inesperado... E chora convulsivamente. Tem minha idade e parece uma criança. Essa é a merda da verdade. Eu não tenho a solução... e ela teria forças pra mudar o próprio destino?
A abracei forte e lamentei. Ficamos nisso alguns minutos. Ela se acalma.

-Fabiano... tu és uma das minhas melhores memórias... tenho saudade daquela época...

Sorri e disse:

-Lamento Vivi... eu não causo boas memórias pra ninguém... Você deve estar muito mal mesmo hein?
Ambos rimos...

E por um breve instante ela pareceu ser a Vivi de ontem... Puta que pariu... o que somos capazes de fazer conosco mesmo?
Conversei mais um pouco e fui. Vivi agora é prostituta.



Luís Fabiano.


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