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terça-feira, outubro 19, 2010

Amor e Hemorroidas


O ser humano infelizmente tem suas necessidades. Algumas relevantes, outras nem tanto. Prefiro estas. Algo vinha martelando minha cabeça ultimamente. E se não fosse pelos problemas coadjuvantes, possivelmente perderia o sono.
O problema era o cú. Vinha saindo com diversas mulheres, e quando chegava aquele momento mágico da transa. Eu Dava aquela forçadinha de leve e clássica, dedos melados e etc, elas diziam: não por aí não...
-Ei baby, relaxe deixe pra mim, não vou te machucar é gostoso no final...
-Não, por favor ai não...
Então ficávamos naquele jogo de criança. Mas eu sabia que não comeria aquele rabo. Uma negativa pode acontecer, afinal nem tudo é tão bom na vida. Precisamos de coisas contrárias para crescer. Raramente as coisas são boas na vida. Raros finais cheios de felicidade, raras conquistas profícuas e que durem mais que algumas horas.
Filosoficamente relaxava. E mudava a minha posição. De volta a velha e boa xoxota. Tenho pra mim que é preciso explorar horizontes de prazer. Raras parceiras que tive, tinham coragem pra tanto. Embora todos falem do tédio, temos uma apreciação por tédio. Procuramos o tédio em tudo. Tive mulheres, que estabeleciam informalmente até mesmo dia pra transar.
Não sei porque gostavam da quarta-feira a noite. Que acontece na quarta feira ?Ou então sábado a noite? Que merda é essa? Não tem explicação. As mesmas malditas posições, a porra do papai e mamãe, e nada de inovação. Acho até que algumas me amaram, mas tinham em si a vontade de matar-me entediado. Tentavam domesticar um tigre. Nunca tente isso.Nunca se tem certeza que um tigre esta domesticado. É certeza que você irá machucar-se, como cem por cento das pessoas que envolveram-se comigo.
Cem por cento. Taí uma coisa rara, algo par ter orgulho. Um orgulho feito de ruinas, de destruição, de um barco que foi apodrecendo com o tempo, encalhado na areia.
Então em uma noite troquei de parceira. É preciso variar alguma coisa. Uma única pessoa não consegue suprir minhas ambições. Sempre deixo isso claro. Vou a muitos bares, tento não ficar conhecido por frequenta-los. Vou trocando, dando-me a chance de conhecer outros. Uns bons, outros espeluncas. Ia a procura do que realmente me interessa, o lixo humano. Onde os heróis de guerras solitárias se encontram. E lá estava ela.
Já nos conhecíamos, intimamente. Quando alguém vomita junto com você, é impossível não tornar-se intimo. Chamava-se Marylin. Era uma morena que descoloria os cabelos, muito magra e vivia para consumir-se. Alcool, drogas e solidão crônica. Não posso negar, era um belo espécime. Fazia parte do cortejo de perdedores como eu.
Cheguei próximo a ela e disse:
-Ei Marylin, tudo bom ?
-Tudo bom Fabiano, vamos tomar uma gelada?
-Tá com sede ?
-Tô seca por uma cerveja, mas preciso de companhia
-Quem não precisa? Ainda que seja um peixe no aquário, a merda de um animal qualquer em casa, mas é bom tem algo vivo por perto, que não cobre nada...
Ela começa a rir apontando o lugar na mesa. Naturalmente minha intenção, não era papo furado. Em minha cabeça, a preocupação em comer um cú ainda era a coisa importante. Não importa que fosse um cu sujo, afinal, que cú pode ser limpo?
Tomamos a primeira cerveja, a segunda, a terceira e outras. É claro, nestas condições ficamos muito sensíveis e felizes. Marylin era depressiva como a Monroe, não era tão bonita quanto ela, e nada sensual. E eu? Bem não vou comentar, afinal beleza é algo não possuo.
Acabamos indo para um quartinho que ela alugava. Realmente um quartinho, que como a vida dela era um caos. Quando a porta abriu-se, era uma visão surrealista. Roupas pra todo lodo, sujeira, lixo pelo chão. Uma cama com lençóis encardidos, foi nosso berço. Nos abraçamos, nos beijamos e fomos nos despindo como uma dança infernal. Ambos estávamos sedentos de carinho ou alguma coisa semelhante. Isso ás vezes funciona, não precisa ser carinho autêntico, mas algo parecido já é bom.
Ficamos naquilo, ela subiu pra cima de mim, rebolava encaixada .Ual, isso é bom, isso deveria ser a vida. Ela fazia meu pau parecer um eixo, ela uma piorra. Gozamos algumas vezes. Poderia ter ficado nisso. Mas vocês conhecem o ser humano. Sempre queremos mais, mais e mais. Esse é o erro. Dizia uma frase no templo de Delphos: “Nada em Excesso...”.Mas raramente tal lógica nos interessa.
Fiz mais um carinho em Marylin, fui virando ela de bunda pra mim. Ela sorriu safada e disse:
-Vai com cuidado Fabiano, pois estou meio estragada ai mas tá tudo bem...
O que você entenderia por, estou meio estragada ? A primeira coisa que pensei, que estivesse arrombada, com sensibilidade e coisas assim. É claro seria carinhoso, beijaria muito, enfiaria minha língua lá e tudo mais, serviço completo.
Mas antes, toquei lá para ver o que se passava. O que senti não era de todo agradável. Ela parecia ter um rabo de carne viva. Ei, mas que é isso? Eu perguntei:
-É que estou com parte do reto pra fora. Dói um pouquinho, mas já esteve pior, mas dá pra fazer, é uma espécie de hemorroida...
Toquei de novo naquilo com a mão. O rabo dela estava projetado para fora do cu, mais ou menos uns cinco centímetros, mas não havia sangue ali. Seria uma boa idéia? O bom senso de um bêbado é algo duvidoso. Acabei desistindo, não seria desta vez ainda.
Marylin parecia entusiasmada, mas ficamos nisso. Na verdade até broxei de ver aquilo. Como ela teria ficado assim? Não quis ampliar nossa conversa, era madrugada, aquele quarto fedia e eu queria ir embora. Deixaria Marylin sozinha, como a outra ficou. Só espero que ela não venha a suicidar-se também. Que merda de modismo é essa.

Luis Fabiano.
Paz? Me diga onde está.

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