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sexta-feira, outubro 30, 2009

Dica de filme: A Mulher Invisível

O novo cinema brasileiro está realmente criativo e inteligente, o filme trata de ideais e naturalmente quando imaginamos e desejamos o ideal, é evidente que iremos esbarrar nas estreitas limitações da natureza humana.
Aquela mulher (poderia ser homem...)linda, gostosa, inteligente, adepta de futebol, com furor sexual e outras tantas qualidades em um único ser humano,era de uma impossibilidade atroz, ela era absolutamente tudo que ele queria, porem tinha só um detalhe,era uma ilusão, bem como assim o é o “príncipe encantado”o é.
O filme brinca com isso,faz rir e pensar, leva-nos a fazer a descoberta que o ideal é um erro crasso, o que deve prevalecer antes de mais nada na relação, é o respeito mutuo e emoção intensa, verdadeira e sem pudores, quanto ao ideal, bem veja você o filme...
Muito bom filme.




Pérola do dia:
"Não ser descoberto em uma mentira é o mesmo que dizer a verdade."

Aristoteles Onassis.


quinta-feira, outubro 29, 2009



Insuportável amor.

-Não vou me vangloriar pessoal, detesto ufanistas, mas quando se tem uma vasta experiência amorosa como eu, posso dizer de pronto; conheço o capenga deitado e zarolho dormindo!!
Aquilo mais parecia um comício, Péricles já lubrificado pela cerveja, falava alto e ria toscamente como riem os bêbados (nada contra o santo álcool, defendo que por vezes ele torna as pessoas interessantes, e faz casamentos durarem a eternidade...), aquela roda de amigos era um palco.
Contava a respeito de Kátia uma de suas ex-mulheres, namorada, amante, concubina e etc...e dizia:
-No inicio sabem como é, não é, eu era o Adão mais feliz do mundo, aquela mulher era uma verdadeira gueixa importada,fazia tudinho pra mim, e sempre, absolutamente sempre dizia que me amava muito, isso é bom de se ouvir as vezes confesso, afinal dizem que relacionamento deve existir algum amor, ou pelo menos um que ame, não é?!
Riu-se, dando uma enorme cusparada no chão, era um canalha profissional com todos os achaques que o deboche permite, porem todo o bom canalha eventualmente sente algo, por isso sempre digo, todo o canalha tem um bom coração, isso o salva, isso o redime.
Então, veio a pergunta a Péricles:
-Cara, se a tal mulher tu gostava,eras apaixonado, ela era tudo isso que tu disse, então que houve? Isso é o que todo mundo quer, paz em uma relação...
Péricles, obtemperou com a interrupção, serviu mais um copo de cerveja,e o pouco de sua consciência ouvia o nobre questionamento, respondeu:
-O Carlão, qual é? Tais parecendo mulher com estas perguntinhas, assim até me lembras a Kátia...mas tudo bem, vou responder em respeito a este copo:
-Mesmo Adão teve problemas com Eva, e aquela nossa vidinha era perfeitinha demais sabem, trabalho, casa, almoço, janta, aquela transadinha de meio de semana,meia foda, e confesso que sair de casa pra trabalhar era um alivio, não vê-la por aquelas horas me fazia bem, mas saudade não tornei a sentir é verdade.
Isso era uma coisa.
O pessoal se animou, numa expectativa, ali naquela roda de semi bêbados e inúmeros canalhas aspirantes a traidores, queriam saber o desfecho.
Limpou a garganta e seguiu Péricles:
-Uma coisa eu digo, felicidade demais é uma espécie de escravidão, era tudo tão bom que de alguma forma doía meu coração, eu já estava em conflito existencial, eu gostava dela, ela era tão perfeitinha né? E sempre dizia: Péricles eu te amo...muito. Péricles eu te amo muito...
Como já disse aquilo era bom de se ouvir, assim eventualmente, porem o que estava acontecendo, que pelo menos aos meus ouvidos a voz de Kátia parecia, fanha ou algum problema de dicção, mas a verdade quando ela me falava, eu te amo, me dava uma espécie de nojo, asco mesmo...
Risadas de todos, nojo de amor? Que isso...
Como se sentisse alguma espécie de reminiscência, remoendo e abrindo calejadas feridas, buscou na memória, o rosto de Kátia se desenhava, e a voz: eu te amo com aquele som anasalado...
Voltou a si.
-Mas era verdade, a pá de cal no relacionamento foi o dia ela me disse eu te amo, algumas vezes, como uma tortura atroz, inventei uma desculpa qualquer e fui embora, sem lenço e sem chapéu!
Não aguentava mais aquele Eu te amo, ninguém aguenta ser amado assim, é a era muito chato, tenho para mim que amar assim é uma espécie de indiferença por si, um egoísmo travesti...
Aquela ultima frase causou frisson naquela turba divertida que ria de tolas emoções humanas, quem ri ou é muito estúpido ou sábio.
Ecos de risadas.
Mas nunca, em nenhum momento alguém perguntou por Kátia,apenas pediram mais cerveja.

Tim-Tim.
Paz profunda.
Luís Fabiano.


quarta-feira, outubro 28, 2009



Teus, meus dias.

Tem dias que sou um sonho que vaga,
Que afaga com o melhor de mim,
Emoção e lágrimas, destiladas de uma alma cansada.
A procura de aprisco amigo, altar de minhas ânsias,
Descanso de meu coração.
Noutros dias, sou sede e saudade,de sonhos a densidade,
Converteu em pincel errante, a procura de sua forma e beleza.
E outros tantos esfarelaram-se, sacrificados pela vida, imolados afavelmente por ti.
Quisesses ser um afã de meu pensar,
embalar meus dias e minhas noites sem fim.
Mas como pode, minha alma,
tênue e vaporosa, encher o cálice de tua sede, e saciar
a fome do teu amor?
Sou pequeno vento que busca a brisa da primavera, gostaria de
Hoje, ser fecundo éter que te vitaliza, levando vida
Nas estéreis campinas abandonadas de teu Eu maior, infinito e
Porção mais bela de ti,
entre o teu corpo e a minha alma.
Se o ontem nos fez cativos sombrias memórias,
templo de emoções tantas,
o hoje nos fez compreensão
e o amanhã dar-nos-á asas
E singraremos o espaço
um a procura do outro.
E quando por fim,
nossos olhares se acariciarem serenamente,
Perceberemos que nunca houveram espaços
entre nossos dias, apenas
Que esperavas o nascer do sol, e eu cantava no poente.
De meus dias tu estivesses em mim,
De teus dias, eu era a batida de teu coração.

De poucas coisas que aprendi, uma carinhosamente divido com vocês: o silêncio ansía por ser entendido, e a voz ama o silêncio que a recebe.
Entender é mais pensar,é abrir a alma e calcinar-se.

Carinhosamente.
Luis Fabiano.

Pérola indignada:

“ Hoje vendo triviais notícias, o nosso enfadonho normal, violência,corrupção e tragédias de todos os naipes. Mudei de canal, mudei novamente então pensei: Será que as pessoas dão-se conta das mentiras que nos contam todos os dias, lentamente, homeopaticamente, estimulando e fazendo-nos crer sempre no pior.”

Luís Fabiano.

terça-feira, outubro 27, 2009

Dica de Filme:

O Visitante: The Visitor

Filme absolutamente sensível, homem simples, frio e conduzido pelo automatismo de sua vida sem graça, uma oportunidade incomoda e tudo muda, emoções eclodem outras morrem, curiosamente o Sr Walter Vale vai acordando em vida, nascendo novamente.
Ao som de um tambor, o seu coração desperta passivamente, amor e uma conexão com a vida e as pessoas que tão de longe estão próximas de nós.
Por vezes é assim, o inesperado simples, abre-nos uma percepção.



Pérola do dia:

“ Ou a mulher é fria ou morde. Sem dentada não há amor possível. ”

Nelson Rodrigues.

segunda-feira, outubro 26, 2009



Ao som do morrer.

Desculpem-me o vocabulário chulo, mas tenho a nítida impressão que por vezes coisa oriundas de um verdadeiro filho da puta, eclodem na vida como espinhas na face de um adolesceste,explosão de hormônios que pipocam e tornam o rosto uma cratera lunar,aquela face de seda, da lugar a manifestação de poder da natureza brutal.
A natureza é por vezes hostil a nós mesmos, e Sonia viria a descobrir isso da pior forma possível, linda longos cabelos negros, sorriso de Monalisa, uma pele tão branca quando a lua, era toda contrastes, olhos negros e brilhantes e uma alma gentil, boa mesmo de um sorriso doce irresistível, atenta sempre as suas tarefas tanto profissionais como em casa, mantinha tudo em uma harmonia que era a sua musicalidade, sem gritos, sem alarde,passiva e flor do tempo.
Estranhamente, como que uma troça da natureza, veio a colocar a bela Sonia ao lado de Ambrosio seu truculento marido, se ela era arte, a beleza, a sensibilidade, Ambrosio era a antítese disso, tinha uma filosofia política que o levava a raias da loucura fanatica, convicção estúpida partidária que imaginava ter poder sobre o mundo, mas enquanto o mundo não se dava conta disso, quem sofria era Sonia.
Ela relevava dentro de sua inesgotável paciência, e Ambrosio chegava a noite e sempre aquela lenga,lenga partidária, seu discurso cheio de vontades, acreditava na revolução, o grande problema era a sua infinita chatice, Sonia ouvia aquilo e bocejava as vezes, aquilo era uma ofensa a sua convicção na hora do jantar.
Com grosserias, dizia que ela era uma alienada, perdida em um mundo em que tudo se compra, ela sorria, as vezes chorava, e doutras, a arte a salvava, entre tintas e pinceis, ou nas folhagens que tanto amava, sua alma buscava um mundo mais tranquilo, doce talvez.
Como seus alunos era mais que amada, todos a chamava de Sol, pois ela iluminava a vida por sua simples presença.
Porem, certo dia Ambrosio, xiita decide que iriam para uma terra distante tentar a vida, pois buscavam terras para famílias que precisavam trabalhar, um circo feito de vitimas guiados por lobos famintos que ansiam por poder. Chegou em casa e disse Ambrosio com olhos rutilos:
-Sonia vamos juntar nossas coisas, e vamos embora lutar pelo povo, já acertei tudo, larga o teu emprego que o interior do Paraná nos espera, é coisa mais linda deste mundo!!
Sonia assustada, rio aquele riso sem graça, ir embora assim, braços abertos ao desconhecido.
É nestas horas que questiono o sentimento, Ambrosio era um trator egoísta e Sonia fragilidade, galho quebra com o vento, gostava de Ambrosio é certo, um gostar cheio de dignidade, livre até de sí, cederia para faze-lo feliz...
Me irritei profundamente, uma tola irritação de quem não entende misteriosas emoções, que levam, que trazem que a tudo transformam.
Quando chegaram ao interior do Paraná, terra de barro vermelho, miséria infinda de tudo, de todos, de alma, a casa que o movimento havia conseguido a Ambrosio era justamente ao lado de um matadouro,havia o som constante da matança, o choro dos animais prestes a morrer, e Sonia que era toda luz, não conseguia fazer-se brilhar.
Dia após dia, Ambrosio feliz e realizado num projeto que não saia do lugar, mas que a seus olhos crescia muito, balão de vento cheio, vazio. Sonia dia a dia,e aquele som, aquele mugido, e o silencio, o mugido e o silencio, uma tocada que lhe levava a morrer um pouco a cada dia.
Fez de tudo para não ouvir, colocava a musica alta, por fim emudeceu também, pouco a pouco, a sua musica não mais se fazia ouvir, a cada morte, morria também, não teve forças físicas, só um sorriso sem graça, uma lagrima, silencio.


Ante a brutalidade que a vida nos propõe, as almas desarmadas fenecem,não por fraqueza mas por dignidade,parte de nós morre e parte vive.

Luis Fabiano.

domingo, outubro 25, 2009


Pérola Dominical:


“ Eu comeria a Sharon Stone. E o que torna o desejo interessante, é justamente a sua improbabilidade.”

Luis Fabiano.

sexta-feira, outubro 23, 2009

A vida como ela é: A Enciumada.

Quando alguém carrega fantasmas em si, toda a verdade não tem sentindo algum, vive pelos sussurros de seus medos, pela memória de suas tragédias, homens e mulheres, em uma insegurança profunda, querem a certeza do que não se pode ter certeza.
O amor é invisível, e se ele não bastar-se a si, a dor é inevitável, seja pelo bem ou seja pelo mal, eis a tragédia de Lucinha, atrás de verdades que não tinha literalmente estomago.

Luis Fabiano.


Pérola do dia:

“ Com o tempo, o rato pega a manha da ratoeira e rouba o queijo sem desastre.”
Fabiano.


Amor incurável Amor.

Você já teve a oportunidade de olhar um aquário com peixinhos coloridos?
Aquele nadar entediado de um lado para outro, recebendo alguma comida eventualmente, e olhando o mundo externo como se um aquário maior ainda onde as pessoas ficam admiradas observando o fascinante mundo colorido e artificial do aquário.
Este era o prazer de Paulo, quando chegava do escritório ia para seus peixinhos dourados ,era um vicio irritante,falava como uma voz de criança aos peixinhos, dizia ele:
-Esses peixinhos me relaxam tanto, eles ficam para cá e para lá...
Vamos e viemos, aquela admiração por peixes as vezes era demais, ou talvez não, existiam outros problemas que lhe literalmente transtornavam-lhe a cabeça,um era a sua mulher, Flor de lis de seu jardim, tinha um amor tão grande por ela que chegava a doer,,uma espécie de patologia amorosa, o grande problema de amar-se assim irrefreavelmente, é justamente dar plenos “poderes” ao seu objeto de amor, para fazer gato e sapato da sua vida,é o preço pago para quem não sabe amar, mas Paulo não ligava, era humilde comandado pela esposa, que embora bonita mais parecia um general de constante mau humor.
Flor era dessas mulheres que sabem o quer, e não se prendem muito aos padrões de comportamento, evidentemente a passividade de Paulo abria brechas, e nesta força, nesta volúpia começou a trair o apático(aquático) Paulo, não tinha drama de consciência, achava inclusive justo, mas quando a noite caia e Paulo vinha procurar sua mulher na cama,ela estava sempre cansada, o sexo tirara férias naquela casa, e mesmo Paulo um tonto por natureza achava estranho.
Tinham o que podemos chamar de um casamento platônico, feito de palavras, alguns sentimentos e nenhum sexo.
Um dia destes que literalmente a bobeira da sorte, Paulo em uma brincadeira besta que ele tirou não se sabe de onde, diz rindo:
-Flor, faz tanto tempo que não transamos,que nem sei onde “ela” fica mais, (riu..)da até pra desconfiar que tem algum leiteiro aí...(riu com inocência da própria piada...).
Flor que estava de costas lavando a louça escutava o marido com desinteresse pleno, porem a frase final lhe despertou um ímpeto de honestidade invencível e inesperada, largou o prato sujo virou-se para Paulo e disse:
-É claro que tem leiteiro, padeiro, açougueiro, carpinteiro, borracheiro, estivador, mecânico, pintor, medico, farmacêutico, operário e até um cobrador de ônibus,(completou) Paulo eu te amo, porem eu te traio com todos eles.
Paulo que olhava os peixes, achou que era um brincadeira também, mas ela estava parada olhando firme para ele, talvez na ânsia que este homem reagisse, mas nada.
Seguiu dizendo friamente, traia-o sempre,e com muito orgulho, pois era mulher honesta, trabalhadeira e tinha todos os seus deveres em dia.
Paulo olha para esposa e diz:
-Me diz, tu beijas a boca deles todos, como beijas a minha?
Ela responde: sim é claro.
Paulo revolta-se, e diz:
-Beijo não, beijo eu não tolero, aí foste longe demais, (conteve-se ante o olhar irado da mulher), porque beijo Flor, beijo tem alma, tem sentimento, o corpo não, o corpo tu lavas com água e ele esta livre de todo pecado!
Flor que esperava ser esfaqueada, que o marido a cobrisse de porradas, viu só aquele homem reclamar dos beijos que ela dava em outro?Indiferente.De consciência limpa, seguiu lavando os pratos sujos, enquanto Paulo ali ficou olhando o movimento do peixinho dourado...

Existem flores que não se cheiram.
Luis Fabiano.

quinta-feira, outubro 22, 2009


Pérola do dia:

Pode-se fazer tudo na tua vida e na vida alheia, contando que se entenda e respeite as regras do jogo, o limite é o teu pensar.”

Fabiano.


A formosura da doença

O mundo carece de beleza, somos unânimes em pensar, e vez por outra expomos isso, anexado em um mar de sombras que o cotidiano encena nas tragédias de toda sorte, fica-nos a sede, fome, a vontade de querer, um pouco talvez de beleza.
Como uma espécie de basta, não queremos ver as hemorróidas em”flor” que o mundo insiste em nos presentear, sim, queremos jardins e flores de verdade, perfume, eis a nossa sede, o nosso grito calado,porem nem tudo são flores na vida, as coisas são feitas de dores inanestésicas.
E foi naquele momento de dor suprema que Marina encontrou a paz que lhe faltava, santa ironia é verdade, tinha aquele ar de mulher bonita tipo perfeitinha, dessas que toda roupa cai bem, o penteado sempre alinhado,bem maquiada, mas o que lhe sobrava no exterior lhe carecia a consciência. E como vilã de si mesma, queria imitar os padrões que nossa cultura e sociedade impõe como ideais, bem, ninguém sabe quem deu o pontapé inicial na cabeça de Marina, queria ser magra, esquelética, ter seios fartos e bumbum arrebitado, um cabelo digno de propaganda de xampu, pernas torneadas,lábios carnudos,sobrancelhas afinadas e outras tantas coisas, se uma pessoa tivesse tudo assim, não seria um ser humano, mas antes sim um primo de Frankenstein.
Graças a tais ideias, com uma preguiça ordinária natural da criatura humana, queria tudo isso e sem esforço, sem esforço? Sua cabecinha linda matutara horas uma maneira de como atingir tais coisas sem esforço, e num momento de gênio com os olhos brilhantes, disse para si mesma:
-Isso, doença é a saída, tenho que ficar doente, assim ficarei magra e linda.
Foi como se tivesse descoberto a roda,desde então Marina esforçava-se para ficar doente, expunha-se a todo tipo de coisa perigosa, se era para visitar alguém em um hospital,mesmo que a doença fosse contagiosa, lá estava ela absolutamente feliz, entrava nos hospital, respirando a plenos pulmões,quem sabe algum vírus a pegasse?
Se a temperatura caía, vestia-se como se estivesse no verão, pouca roupa e pensava: Só uma gripe talvez, quem sabe com um pouco de sorte uma pneumoniazinha?
Cabe colocar que Marina estava magra, penteava-se longo tempo frente ao espelho, dir-se-ia que não tinha mais uma vida normal,nem trabalho,namorado, estudo nada apenas aquela beleza solitária e magra.
Na vizinhança, que sempre tem tempo sobrando para comentar da vida alheia, dizia-se que Marina estava fazendo curso pra modelo de passarela...dizia entusiasmada dona Ermengarda, fofoqueira absolutamente profissional, quando via Marina passando pela calçada( também pudera, ela não caminhava, realmente estava fazendo um desfile gratuito para todos, passava com uma indiferença, um ar de superioridade digna das top models...), e dona Ermengarda vaticinava:
-Essa aí vai ficar podre de rica, e quando ficar rica nem vai lembrar-se de nós...os feios,pobre e mortais.
Não preciso dizer que havia já uma espécie de rancor e frustração nas palavras da fofoqueira, que não era por assim dizer um padrão de beleza, apenas comparável a um hipopótamo!(sem ofensas ao hipopótamo).
Mas era tamanha a vontade de Marina que finalmente pegou uma doença, era um resfriado que lhe deixou de cama, não sentia fome, empalidecera,mas nunca se viu alguém tão feliz espirrava alegre, assoava o nariz como se tivesse ganho um presente verde! Em três dias estava curada, e ansiosa, precisava de uma doença mais forte, aquilo foi pouco, era uma verdadeira ambição as avessas.
Porem, pouco tempo depois pegou outra doença, era dengue, embora com o mal estar que a enfermidade causava, e sua fraqueza natural, estava exultante, os familiares achavam que Marina não estava batendo bem ou era a dengue lhe atingindo a cabeça. Mais uma vez Marina cura-se e volta a sua vida normal e sem graça de pessoa saudável, notará que estava mais magra ainda e sentia que seu plano dava certo, mesmo doente pintava-se como se fosse a um desfile.
Por fim em função da sua ansiedade, desenvolveu uma ulcera grave, não podia comer e foi emagrecendo mais, já estava concorrendo com uma caveira, porem ninguém entendia a felicidade de Marina, quanto mais doente mais feliz, as vezes é assim, um sacrifício é necessário para conseguir-se algo, ali naquele catre de dor e agonia a beleza sublimava a tudo,e no horror da doença realizava-se o sonho de uma alma, quase penada porem feliz!

Tudo na vida tem no mínimo dois lados, desejo uma boa doença a todos.
Luís Fabiano.

quarta-feira, outubro 21, 2009


Lascia ch'io pianga
Haendel.

Deixe que eu chore meu cruel destino
e que deseje a liberdade.

Deixa que eu chore
minha sorte cruel,
que eu suspire
pela liberdade.
A dor quebra
estas cadeias
de meus martírios,
só por piedade !

O sacrifício para fazer nascer o belo em si,da prisão mórbida, asas de um pensamento, sopro de uma emoção que tem em si dor imensa, entrega e liberdade enfim .Quando a alma agrilhoada pela sua densidade,quer tanto algo, tanto sair dali, quando cala, descobre sua grandeza e quando morre,e vive.
Eis o mistério do amor, oferta e nada pede, sente e nada exige, vive de seu perfume próprio e ganha espaços para além do nosso coração.
Um brinde ao que voa, que não desdenha do que ainda rasteja.
Paz profunda.
Luis Fabiano.




Pérola do Dia:

“A excelência de um verdadeiro canalha, é ter um coração enorme e sofisticado, para todas as mulheres que ama.”

Luís Fabiano.

terça-feira, outubro 20, 2009



A fina harmonia da dor.(Sinfonia de uma dor)

Longe de mim regozijar-me na angustia alheia, não é assim que sinto nos ecos de minha alma, um pensamento solitário em busca de seu ninho, aprisco e repouso, ave ferida sobrevive, e sua dor por instantes derradeiros, é sua musica.
Na tragédia visceral e franca do cotidiano brutal, selva informal de acontecimentos fatais, que modificam vidas e abrem chagas, no corpo, na alma, o infinito do espírito, uma poesia se desenha em lagrimas, pérolas dos olhos, fragmentos de cristal, da morte, a perda em vida, do amor se foi, consciência ardida.
Lagrimas, dor e beleza na fealdade de um instante, em nós onde tudo torna-se triste.
A beleza faz caminhos diferentes para cada um, e dentro da doença que carcome entranhas, dilacera o corpo, leva-nos a agonia, a musica das estações, sacrifício da semente que morre para dar vida.
Nos olhos que a dor impinge, há um toque especial, olhos de uma fera acuada partida entre o desespero e sonhos desfeitos, drama encenado no coração do ente humano a portas cerradas, uma musica toca, couro de uma tristeza sem fim, arte pura, sadismo dos que apreciam, masoquismo dos sentem e alegria dos demais.
Quisera não ser sarcástico, mas o prazer por momentos nos é arrancado dos braços e vai para colo de outrem, e antes o que era sorriso e beleza, turva-se em sombra ,no sublime equilíbrio da natureza, da dor que não é nossa, uma chaga de nossas entranhas aflora, como rosas rubras da estação, sangue,dores e cores e enfermidade.
Impossível não associar as tristezas humanas a arte, e vê-las sob a angulação da dor, naturalmente no calor de quem sofre, tais colocações não passam de blasfêmias sem glorias e opacas, evidentemente que a beleza é assim, e nem todos entendem sua silenciosa manifestação, se falo de sol, de flores ou da lua, é poesia tácita, invisível e engolida pela repetição de cada dia, tais coisas perdem a cor em um eclipse de nossos sentidos.
No sorriso desfeito, na agrura do momento,nas oportunidades perdidas ,na aridez de uma fome que não cessa ,ópera em atos comuns a espera de um final, de um amor que se realiza.
Entre a dor e o amor.

Paz em dó maior.
Luis Fabiano.

segunda-feira, outubro 19, 2009


Insentivo:

" Todos os cafajestes que conheci na minha vida eram uns anjos de pessoas."
Leila Diniz

domingo, outubro 18, 2009


Pérola do dia:

“ Imaginem uma absurdidade qualquer em termos de humanidade, tenha a certeza, já aconteceu, ou vai acontecer, agora que você nos deu essa idéia.”

Fabiano.











Amor em Ré maior.

O amor faz caminhos ocultos e misteriosos no coração humano, e talvez por isso as vezes o impossível se torne algo possível, naturalmente tal colocação esta cheia de romantismo e beleza sobrenatural, e como uma pintura de beleza sui generis, precisa ser apreciada de longe, e aqui talvez resida um dos mistérios, a distancia, a distancia é fundamental, nenhum amor resiste a vinte quatro horas ininterruptas de companhia,meu deus...alguém acuda.
Este era o caso de Giani, a bela Giani, mulher de fazer a cidade por onde quer que passasse, longos cabelos loiros, olhos verdes, esguia como um fada, a voz ligeiramente rouca dava um toque de uma sensualidade constante, seios perfeitos, ela era uma obra de arte em movimento, criou vida e assombrava os corações masculinos e claro femininos também, afinal a concorrência era desleal, todas pareciam vindo de um filme de terror perto dela, ela apenas sorria com suavidade, pairava acima das diferenças humanas em um mundo belo repleto de solidão que tal distancia assim cria.
De minha parte, detesto mulheres que arrastam multidões, não as acho interessante, tenho para mim que algo que todos querem torna-se vulgar, perde o brilho e valor, dou um conselho gratuito, sempre ignore as Gianis da vida, fique com teus sonhos, onde a perfeição é possível, quanto a realidade, bem ,esta muito mais sabor embora seja opaca, algo sem vida e feia.
A solidão a incomodava muito, todos se aproximavam dela, para te-la mas ninguém queria o seu sensível coração, preferiam suas perna, cabelos, seios, bunda e vagina?Todos queriam come-la. É de fato, isso é mais ou menos uma cabeça masculina, transar com Giani era o sonho ou pesadelos de todos, isso preenchia todo e qualquer espaço ou defeito que ela tivesse. Giani estava triste, fatigada de tudo aquilo, de tantos olhares e ninguém a via, era uma projeção de si mesma, realidade impalpável, tão bela e tão só.
Mas o Criador não dorme de touca, (embora as vezes durma...) e atendendo as preces silenciosas de Giani, fez com que ela conhecesse Alberto, um auxiliar de fotografia, daqueles que seguram refletores, direcionam a luz, santa ironia, enquanto ele projetava luz nela em uma sessão de fotos, seus olhares se tocaram, e de um sorriso inocente um convite inesperado, um café, olhos brilhantes, um carinho nos cabelos beijos em fim. A beleza da floração poderia ser eterna não é mesmo?
Mas a vida tem estações, e há tempo para tudo, o coração de Giani estava vibrante, a emoção crescia como as flores da primavera, Alberto era o sonho de sua vida, homem simples, educado, carinhoso e bonito, que mais uma mulher poderia quer? Tudo transcorria harmonicamente, até um dia que Alberto iria dormir na casa de Giani, jantar romântico, ela fizera com esmero, luz de velas, era tanta perfeição que tinha que existir alguma coisa errada naquilo tudo. Beijos molhados, carinhos e uma noite de amor intenso.
Adormeceram um nos braços do outro, alta madrugada Alberto acorda-se, um ruído longo e insuportável, sim, era a bela Giani que mais lembrava um suíno obeso em um ronco interminável, Alberto olhava a cena semi acordado, não sabia se a acordava, ou tentava dormir assim mesmo, o ronco de Giani mudava de tons, tal qual uma sinfonia de horrores, hora agudo, hora grave e quando ele menos esperava ,ela peidou dormindo para complementar a dramática sinfonia, mas ela era tão bonita, afinal perfeição era só um ideal, ele fechou os olhos e tentou adormecer, e de longe quem ouvisse o som, tinha impressão que ali um gigante horrendo adormecera.
As vezes só conhecemos alguém, em sua ausência.

Um ronco suave nos vossos ouvidos.
Luis Fabiano.

sábado, outubro 17, 2009


Insight

“ Ela estava tão bela, olhar tranqüilo, sorriso sereno um jeito de fadiga, mas estava mais bela do que nunca, a beleza é assim, harmonia de contrastes e movimento.”

Luís Fabiano.

sexta-feira, outubro 16, 2009

A vida como ela é: Delicado.

Tenho a certeza absoluta, existem coisas que não foram feitas para dar certo, por vezes é entretenimento barato da natureza. O homem é de uma natureza primitiva predominante, de alguma forma precisa ficar próximo disso, quando se afasta demais, podemos ter problemas na navegação.
Euzebiozinho foi um problema, amor a delicadeza, excessos que embriagam e nos levam a abismos colossais, por vezes sem volta. O ideal as vezes cobra um alto preço.


Pérola do dia:

“ A formiga quando quer se perder, cria asas.”

Citado pelo Magalhães,que não sabe quem disse,e eu também não sei.
Anônimo.


Vitrine Inconsciente

Por vezes é intragável, intangível mesmo, percepção tola dos que tentam alçar voos sem asas, parece algo estranho pensar assim, mas nossos semelhantes ( fale apenas por você, por favor...)vistos de perto são muito estranhos, por vezes a beleza de alguém se encontra justamente em função da distancia que temos.
Não quero ser maldoso, não é esta a intenção, mas apenas pensar com você, pensamento errante simples, coisa que faça abrir alguma ideia diferente, tento me conter neste momento, mas como uma ejaculação precoce prestes a sair, aquele fremido nervoso, e eis um berro primata num mar de esperma.
O nome dele era Asdrúbal, ninguém jamais concebe que alguém chamado Asdrúbal tenha sido algum dia criança, um Asdrúbal já nasce com quarenta anos tenho a absoluta certeza disso, as vezes tais nomes nos pimpolhos, é um verdadeiro decreto do que aquela pessoa será para o resto da vida.Era claro, Asdrúbal era um chato profissional, não percebia, alto ,magro, os ralos cabelos, e o bigodinho fininho lembrava o führer, tudo isso acompanhado de uma ausência de humor, era um verdadeira obra horrenda(um possível erro do Criador...), insuportável mesmo porque entendia que era sabedor de “tudo”, sim a ultima palavra deveria ser dele por ter o conhecimento de todas as coisas?
Claro que não, mas para Asdrúbal isso não fazia a menor diferença, avança com um semi-sorrisinho lateral, dentes tão brancos e falava, falava interminavelmente sobre o que fosse, tinha-se a impressão que estava constantemente em um palanque e no calor do púlpito imaginário, algumas pessoas achavam interessante sua logorréia, não interessava o tema, ele falava, claro me provoca curiosidade pois, Asdrúbal era o espelho fiel dos seus poucos ouvintes, fui percebendo que as pessoas gostam de explicações, ainda que tais explicações não tenham efeito direto em suas vidas.
Percebemos por exemplo, que as pessoas falam com muita tranquilidade em extinção de alguma espécie animal,vegetal, e falam isso com uma inconsciência profunda do que estão dizendo,estão acabando as baleias, baleias? Parece que estão dizendo, estão acabando as balas de goma? Não sou defensor xiita da natureza, assumo meu cinismo e indiferença quanto a extinção de x ou y, não levanto bandeiras de absolutamente nada,e neste aspecto sou coerente,não emulo algo que não sinto.
Estes dias alguém me comentava algo sobre o clima, o tempo é um assunto feito para preencher vazios de uma conversa, portanto não deve ser levado a sério, e alguém dizia:
-Pois é, agora temos tufões, ciclones e tempestades sub-tropicais...
Eu fiquei pensando, será que esta pessoa sabe exatamente o que esta dizendo?
O curioso que ela falou com uma ênfase de um meteorologista de Harvard, no entanto era só um papo furado, ou seja as pessoas falam de forma ausente, como se tais coisas estivessem acontecendo em planeta distante, então quanto mais detalhes de informação, maior a inconsciência, pois as palavras tem muito disso,elas ocultam o que a alma carece, e torna a burrice algo interessante.
A pose do politicamente correto é uma blasfêmia, a realidade não percebe isso.Estranhamente a conscientização tem haver com alguma informação, concordo, porem é preciso que vá além, muito além, eis que recomendo a terapêutica do silencio, em silencio nos dá uma impressão de intelectualidade franca, fica aqui minha sugestão aos Asdrúbal da vida, que falam sem a mínima noção do que estão dizendo.
Sem moralismo, a natureza as vezes nos dá lições que são presentes da ironia, vemos todos os dias, e neste dia específico o nosso Asdrúbal estava por demais inspirado no elevador, falava algo sobre uma certa gripe que atacou o país, falava descontraído, então ouve-se naquele pequeno elevador um som típico, como se fosse um porco jovem roncando:
-Opa, desculpe aí, acho que meu porquinho roncou, escapou né, foi o pastel com ovo do bar da esquina.
O cheiro de metano fazia os olhos lacrimejarem, ele tentou seguir, esquecer o cheiro, nossa mas aquele peito fedia muito..deixa eu sair daqui, socorro...

Luis Fabiano.
Uma paz mal cheirosa(nem tudo é perfeito)

quinta-feira, outubro 15, 2009


Pérola do Dia:

" Se você não conseguir fazer com que as palavras trepem, não as masturbe."

Henry Miller.

quarta-feira, outubro 14, 2009


Dica de Filme: A partida.

Uma poesia cinematográfica, o filme trata de finais, do adeus seguido de um silencio, das emoções que se perdem mudas em nosso coração quando o momento final de alguém se aproxima. Ali as diferenças se desvanecem, o arrependimento vem, a aceitação das diferenças torna-se memórias carinhosas, naquele instante final percebe-se o quão o tempo é curto, que uma vida passa, e passa rápido.
O filme também tira a indignidade da morte, envolvendo-a de uma beleza a ser aceita, natural,a medida que a fita evolui, vai trazendo vida aos que estão vivos, enchendo espaços que não percebemos: a importância de estar vivo, o presente como a situação mais bela que temos, tudo esta acontecendo aqui e agora, não percamos tempo inutilmente.
Belíssimo filme.

Fabiano.



O tamanho da verdade.

Rugia em alta voz; ”...olha que vou dizer a verdade hein? - E ria meio que babando-se em um salivar abundante e espumava, de fato era a verdade literalmente cuspida a quem quisesse ouvir, isso era um nojo,naturalmente coisas, emoções que a “pura” verdade por vezes provoca.
Se disséssemos a verdade o tempo todo a todos que nos cercam, o mundo já se teria extinguido. Mas Honório, tinha-se por muito verdadeiro, desses que exageram a tudo, eles vêem uma borboleta e dizem que viram um Óvni, olha-se no espelho desnudo vê em seu diminuto membro, um colosso monumento mais rijo que a rocha e imenso, tão imenso que um jumento lhe te inveja. Esse era Honório, sujeito apalermado que como um inquisidor falido queria que as pessoas dissessem sempre a verdade, se alguém chegasse com a cara meio triste, lá estava Honório a questionar: que houve? Morreu alguém? Brigaste com o companheiro (a)?
Era indesviável, tinha para si que a verdade tinha que ser absolutamente chocante, então quando faltavam cores na dita verdade, ele as “pintava” com cores mais fortes, ficava mais bonito e cheirava mais a verdadeiro.
O exagero de Honório era patológico, porem não tão distante de nós, a simplicidade da verdade não nos aplaca o desejo, é preciso que tudo tenha uma cor berrante, formas esdrúxulas e que maquiado como uma apresentação teatral seja entendido. Olhavam todos para Honório com um ar de piedade Freudiana, nem sempre fora assim, era homem discreto e quase opaco diante das emoções existenciais, e isso sempre é um problema,ser opaco diante tudo é uma espécie de morte em vida. Sua vida, seu trabalho,os parentes e esposa, sim a esposa a bela, respeitada, amada e pura Zuleica.
Zuleica era uma dessas mulheres que os homens medievos dizem costumeiramente; mulher para casar. Recatada em todos os aspectos, era para Honório esteio de seu amor e paz, tudo ia bem, e isso quer dizer que tudo ia de uma opacidade baça,porem um dia Honório chega em casa e na mesa apenas o bilhete.
-Fui embora, não agüento mais tua insensibilidade, meu amor por ti acabou.
Adeus
Zuleica.
Aqui foi um choque, talvez verdade demais para nosso Honório que daquele dia em diante embirutou de vez e queria saber apenas a verdade, porque Zuleica que nunca havia reclamado de nada fora embora, daquele dia em diante achava que todos tinham algo a esconder, naturalmente ele não estava muito longe da verdade, porem exigir que todos digam a verdade era no mínimo anormal, a mentira esta tão entranhada que sempre que alguém quer saber verdade ele soara como doente.
Nunca mais Honório tivera noticias de Zuleica, anos já haviam passado, ele sempre daquele jeito, tentava arrancar todas as verdades das pessoas, ironicamente as pessoas mentiam para ele, afinal era mais fácil mentir que dizer algo simples que ele não acreditaria. Isso foi até algum tempo atrás quando subitamente alguém resolveu ressuscitar os mortos (não estou falando de Jesus...), mas uma companheira de trabalho de Honório, fofoqueira profissional e desocupada, que naquele dia estava com misteriosa inspiração, e pergunta queima roupa:
-Honório, e como vai a Zuleica? Tens visto ela? Vocês não vão voltar, não?
Honório ficou algo sem graça, aquela verdade nunca havia aparecido, aquele bilhete sem graça era como a sua vida tinha sido, sem cor, vida e brilho.
A fofoqueira olhava-o inquiridoramente e largou:
-Diz homem, fala alguma coisa, mas a verdade hein... e ria como entidade.
Honório queria inventar uma historia como de costume, mas aquelas palavras do bilhete ainda lhe ardiam no coração, uma pequena verdade com um estrago imenso.
Entendeu enfim o tamanho da verdade.

ps - tudo na vida é absolutamente simples, o que agregamos a maquiagem, os efeitos especiais, o brilho excessivo e as projeções de nosso ser em desalinho, criam monstros que não existem e emoções fantasiosas.

Luis Fabiano.
Paz Profunda.

segunda-feira, outubro 12, 2009


Pérola do dia:

“Adoro crianças, principalmente quando choram –porque ai alguém as leva embora."

Nancy Mitford.

Dica de filme: BODAS DE PAPEL.

Belíssima obra do cinema nacional, que tem nos brindado com filmes interessantes e inteligentes.
Uma historia de amor que expõe as contrariedades complexas da emoção, onde a insegurança, medo e felicidade se mesclam e por vezes não entendemos sua felicidade, a dinâmica de nossa beleza é a imperfeição, quando descobrimos isso, as coisas se tornam possíveis ante qualquer coisa.
A emoção é a descoberta, tal como ilustra a palavra: Serendipite. http://www.portaldomarketing.com.br/Artigos/Serendipite_ou_Serendipity.htm


domingo, outubro 11, 2009



Dia da criança

Dizem sempre que é bom sabermos a origem das coisas, neste sentido a sua historia, a causa, para podermos avaliar e entendermos o porquê dos acontecimentos que marcam a nossa vida, confesso que as vezes a origem é indigna, e através de tal manifestação gesta-se bons acontecimentos ,deixando claro que por vezes a criatura humana é deplorável mas ainda assim abre espaço para amar, como seja possível, amor fraturado repleto de contrariedades, mas ainda assim amor.
Abro espaço em minha prosa vulgar para contar-lhes um fato, a historia de André menino comum destes que vemos todos o dias nas ruas a pedir trocados na ânsia de alimentar-se,comprar alguma bala e tentar sorrir como uma criança deveria sorrir sempre, porem a existência é por vezes mordaz e cruel , com oito anos sua vida não era nenhum mar de rosas não. Uma família sem família, mãe o colocara no mundo como uma cadela ordinária vira latas que pare cães e não tem como os alimentar, a lembrança de sua mãe eram gritos insanos,a lembrança de sua mãe eram os tapas incessantes, os cabelos despenteados dela com um olhar perdido e o vicio, sim a bebida, garrafa de cachaça vazia, não havia comida, aquele bafo de cachaça de sua mãe, lembranças dolorosas sem fim,destino cria-se, a rua recebera Andre de braços abertos,a selvageria de sua casa era tanta que a rua lhe pareceu um paraíso feito de nada, na rua ele não era nada,mais um só.
Sentado na beira daquela calçada imunda André lembrava, e seu pai?
Pai?
Não sabia quem era, sua mãe recebia homens estranhos em casa, e eram tantos, lhe usavam, compartilhavam da bebida e iam embora sempre em tempestade,sempre quis ter alguém para chamar de papai, mas quem? O pai não era ninguém, nem sequer um nome, uma foto sem rosto, um abraço que nunca veio, e um brinquedo? Nunca recebeu um brinquedo.
O berço da miséria não era apenas financeira, eram farrapos de alma, maltrapilhos sentimentos feitos de aridez, revolta e dor, porem André não era mau menino, queria apenas um ombro para reclinar a cabeça, e não a fria pedra que com o tempo ja estava se acostumando a dormir, queria voltar para casa e ser recebido pela mãe, mãe por favor..mãe me abraça...eram ecos de seu pensamento.
As más companhias sempre rondam a espreita com ânsia voraz de nos levar aos infernos, mas não gosto de referir-me assim, não eram maus, eram outros infelizes a busca de alivio imediato, André misteriosamente resistia aquilo, era o crack, as bebidas, a maconha e ele via seus amigos alucinados, não tinha nada a perder afinal, é sempre assim quando não se tem nada a perder tudo torna-se válido, mas não, via na alucinação de seus amigos a loucura de sua mãe o que lhe dava medo e asco, trocaria tudo aquilo para ter um lugar onde voltar, onde lhe sentissem falta ...o que lhe alegrava eventualmente eram os Raps que fazia de brincadeira, no brilho do seu olhar mesmo tendo tudo contra si, sorria com os poucos de momentos de felicidade, se o querer fosse tudo, Andre já conseguira, resgatava um pouco de céu na busca da paz.
O tempo passa muito rápido, que estaria fazendo sua mãe agora?
Será que ela sentia saudades? Não sei. Caminhava perdido naquele calçadão enorme, cheio de pessoas entrando e saindo das lojas, compras, consumismo, porque tudo aquilo?
Amanhã era dia das crianças, era isso, dia da criança para muitas crianças que ganhariam presentes, e seriam felizes e algumas até reclamariam do seu Playstation novo, eu nunca vi um Playstation, é legal né?
Sem milagres, nem salvação,nem Nossa Senhora Aparecida lembrou-se de André, hoje é dia das crianças,o presente não veio, sua mãe não apareceu, no destino incerto o abraço no vazio, eu preciso descansar um pouco, queria adormecer esquecer tudo isso agora.
Um presente, você dá um presente?
Lágrimas silenciosas, hoje é dia das crianças.

Entre o inferno e o Céu.
Paz profunda.
Luis Fabiano.

sábado, outubro 10, 2009

Pérola do dia:

Todas as pedras em nosso caminho, tem o potencial em de converter-se em pedras preciosas.”

Caboclo Pantera Negra.

sexta-feira, outubro 09, 2009


Pérola do dia:

“ Os que amor não dotou com asas não podem voar para além das nuvens e ver aquele mundo mágico que minha alma e a alma de Selma percorreram naquela hora.”

Khalil Gibran - Asas Partidas.

quinta-feira, outubro 08, 2009

Roubando não,
usufruindo momentaneamente.

Eis me aqui novamente e por questões de princípios, vejo-me soterrado na inspiração “ordinária”, amiga e fiel que como um beijo de Eva, leva-me a tentação passivamente, um deleite inexplicável, somente entendido por aqueles usufruem mais dos prazeres sutis, onde tudo é praticamente possível e nada nos é velado, o limite é o seu quer e o portal o teu coração.
Por vezes a contradição nos ronda e tentamos como malabaristas nos equilibrar, mas em vão, a natureza sempre vence, força imbatível rendemos-lhe o nosso sacrifício.
Edimar que sempre tivera esse nome dúbio o que se certa forma lhe causava um mal estar eventual, quando seu nome era chamado ,as pessoas sempre pensavam que era uma mulher, e lá levanta-se Edimar para a decepção de todos, assim sendo Edimar adotou uma abreviação do se nome, Edi, que lhe fazia sentir-se melhor e a vontade.Mas quando alguém lhe chama de Edimar, caia-lhe as tranças.
Certa feita estava Edi em sua casa, adormecera e a noite caiu, e só foi despertado por um telefone que tocou, e tocava insistentemente, ao atender reconhece a voz, sim era a sua ex-namorada Joyce, que chorava em uma angustiosa manifestação, ao fone ouvia-se:
-Edi, Edi, vem me ver, sinto saudades, vem me ver por favor...
Edi preocupado, só perguntava: aconteceu alguma coisa? Ta tudo bem? Que houve?
Joyce:
-Ta tudo bem, estou com muitas saudades, por favor venha me ver...
Edi titubeou naquele instante, a ex-namorada não era exatamente a mulher de sua vida, sempre fora dada demais, aliás, muito dada o que lhe rendeu chifres intermináveis, mas ele fazia aquele papel do corno pacifico e nunca desconfiava de Joyce, que sempre tinha uma desculpa perfeita,uma obra de arte, por outro lado, o amor dele não é o que podemos chamar de apaixonado e eterno, Joyce era boa companhia e uma mulher sensual, eventualmente carinhosa, que mais ele precisava naquele momento? Tá certo que os chifres não contavam, mas que fazer, não pode ter tudo de uma pessoa,não seja tão exigente!
Aceitou o convite de Joyce, desligou o fone e vestiu-se açodadamente, colocou um perfume por via das duvidas, sabe-se lá não é? Ao chegar a casa de Joyce, luzes de abajur e uma estranha quietude, toca a porta e eis que surge a bela Joyce,trajava um roupão em tom vermelho, ela sorriu para ele e disse com aquele olhar malicioso que algumas mulheres sabem dar:
-Entra, fica a vontade...
Ficar a vontade é ótimo, Edi entrou, e quando deparou-se com um carrinho de bebe vazio no meio da sala, será que Joyce...será ? Passara tanto tempo assim? Ela percebendo o olhar de Edi, foi logo dizendo:
-Essa é minha novidade, viu? Sou mamãe, eu não queria, eu não esperava mas ai está,e estou feliz(estranho que toda mulher sempre diz isso...), posso dizer que foi a melhor coisa que aconteceu em minha vida, a melhor, claro o pai não presta, poucos homens são como você Edi, você deveria ter sido o pai de meu filho, isso sim...
Agora os olhos de Joyce estavam marejados,emoção do passado,culpa e arrependimento ali estavam, caminhos errados as vezes.
O silencio de Edi era uma tentativa de entender a razão surreal de tudo aquilo, mas a verdade que Joyce estava linda, a maternidade lhe caíra bem, os longos cabelos negros naquele roupão vermelho, e um decote generoso mostrava os fartos seios, mas que Joyce dissera mesmo?
O jogo da sedução já lhe havia pego, e sem uma palavra a mais, abraçaram-se, beijaram-se longamente e deixaram as roupas como pétalas irem caindo, entregando-se a gozo e ao momento, simples como as coisas deveriam ser, em um dado instante Edi pegando sofregamente os seios de Joyce, aperta com vontade,tesão e eis que um jato abundante de leite atinge sua face.
Leite Joyce?
Sim, leite, muito leite, e mais Edi apertava os seios num delírio momentâneo,frenesi, ver aquele leite jorrando lhe fazia bem,voltara ao passado,beijava, sugava, apertava, então como um bêbado em um momento de lucidez, lembrou-se da expressão: Estas roubando o leite das crianças...
Roubando não, pensou Edimar, pegando emprestado momentaneamente, afinal a mãe tinha leite abundante.A verdade que naquela noite, o filho de Joyce acordou e teve que tomar leite em pó, ao fundo ouvia-se apenas o seu choro de fome.

Luis Fabiano.
Paz possível.
A vida como ela é: A Dama Do Lotação.

“como é possível certos atos e sentimentos não exalarem mal cheiro...” foi assim que Carlinhos cotejava a sua incapacidade de entender certos desejos "imorais",de sua amada esposa.
Para quem esperava a perfeição de um amor em linha reta, da vivência de um cotidiano obtuso e simples, aquela situação era uma verdadeira facada. Não há julgamento de espécie alguma, sim apreciação, daquilo que não nos permitimos, e que ensimesmados se oculta e anula também, um pouco de nossa verdade.
Fabiano.

quarta-feira, outubro 07, 2009


Pérola do dia:

“ Eu amo a humanidade como um todo, porem amar o individuo é impossível, o individuo é absolutamente deplorável.”

Fabiano.

terça-feira, outubro 06, 2009



Indecoroso Amor...

Dizem que tudo na vida deve ter limites, e de alguma forma ter a cooperação do bom senso, e possivelmente o aprimoramento da moral e o toque final da ética,assim, o que sobra da intenção inicial ao passar por este corredor polonês de crivos? Quase nada, eis a nossa ação real retalhos de quase nada, de uma quase verdade, uma quase emoção, estamos a um palmo a beira do quase...
Foi assim com tais pensamentos tumultuosos e contraditórios que Francisco se encontrava a caminho da casa de sua namorada Keila, que por sí só já era um capitulo a parte, a bela e terna Keila que era tão pura quanto a neve, e de uma castidade a toda prova mesmo nestes tempos onde as moças não nascem mais virgens, era tão envergonhada que quando estava gases fazia um esforço hercúleo para que não houve som, o som de um flato para Keila era a maior falta de decoro que uma mulher poderia ter.Dentre outras coisas Keila vestia-se como uma dama da idade média, ou no mínimo clássica, nada de decotes, nada de pernas expostas,mesmo quando o verão soprava bafos infernais, ela era de uma pureza sem precedentes, ela tinha uma conversa enfadonha, mas mesmo com todas estas peculiaridades era absolutamente apaixonada por Francisco.
Ao chegar a casa de Keila, eles ficaram juntos, naturalmente no quarto dela, curiosamente a família de Keila resumia-se a mãe, Matilde, o seu pai homem sem fora embora em uma manhã inesperada com a típica desculpa de ir buscar cigarros, sabemos que esta desculpa é velha, mas ainda esta em voga, de fato, ele foi buscar cigarros no inferno certamente e nunca mais foi visto, a família desmembrada, fez uma filha repleta de uma castidade imaginaria alimentada por um culpa de um pai que não queria ser pai, como tudo na vida longa historia,e algumas não vale a pena nem entrar em detalhes, quando a dor fica demasiada nem só as lagrimas bastam.
Matilde era uma mulher bela e do alto dos seus cinqüenta de dois anos parecia que o tempo e a dor não a haviam atingido, morena de longos cabelos negros, usava um jeans que revelava sua curvas e blusas que deixavam claro seios proeminentes e não raro expostos em um decote avançado, um verdadeiro tesão de mulher, quer dizer, de sogra. Um verdadeiro contraste de mãe e filha, e tal contraste começava a mexer com as idéias de Francisco, começou a olhar sogra com outros olhos. E não foi por falta de conselhos da mãe de Keila, muito liberal para os tempos atuais, ela sempre sugeria a moça que usasse algo mais a vontade, pois era bonita, mas a roupa a deixa feia, mas dona Matilde apenas ouvia as desculpas puras e morais da filha, que era mais casta de uma freira.
A vida é oportunidade, numa destas noites que Francisco ficava na casa de sua amada namorada, disse amada namorada, levantou-se para ir ao banheiro, madrugada, fora tranqüilo afinal todos estavam dormindo, ou deveriam estar. Quando chega na sala para ir ao banheiro, depara-se com Matilde em uma pose inesperada, semi nua, pernas escancaradas e sussurrava em uma masturbação frenética de olhos fechados,aquela cena dantesca o deixou paralisado de forma instantânea na sala,a sua sogra era melhor que ele imaginava, não preciso dizer que seu amada Keila desapareceu ate nos seus sonhos, sumira tudo que via, queria e sentia era Matilde a fogosa e insaciável Matilde.
Quando Matilde abriu os olhos de um orgasmo solitário, deparou-se com o futuro genro, babando,e típico olhar sacana de alguém que esta morrendo de tesão, a sogra amada, tranqüila e muito segura, lambeu as pontas dos próprios dedos, e com um indicador disse em voz rouca:
-Vem até aqui, coloca teu rosto aqui...bem aqui querido...(apontando a densa e úmida vagina).
Como um robô ele seguiu aquelas ordens, e se deliciou muito, embebido no manjar dos deuses do pecado, aquilo extrapolava os limites do amor, o que descobriu naquele dia fatal não fora meramente um desejo carnal e brutal, descobriu que amava a sua sogra,e como uma parodia de profunda ironia,a sogra sempre tão humilhada por piadinhas sardônicas, ali convertia-se na mulher de sua vida, bem, ao menos naquele momento.
Enquanto isso no quarto, Keila dormia e sonhava com o casamento, o vestido de noiva, a festa e os convidados.
Durma bem Keila, e tenha belos sonhos.

Paz Profunda.
Luis Fabiano.
ps - isto nunca me aconteceu, porem noto ultimanente, tenho olho clínico, o quão mães modernas estão mantendo um estilo,elegancia e sensualidade, por vezes estão muito mais belas que as filhas, uma concorrência desleal e perfeita, e eu brindo a isso, viva o canibalismo.


Pérola do dia:

“...Disse-lhe que hoje, é muito difícil não ser canalha. Por toda parte,só vemos pulhas.E nem se diga que são os pobres seres anônimos,obscuros, perdidos na massa.Não. Advogados, professores, sociólogos, intelectuais de todos os tipos, jovens e velhos,mocinhas e senhoras.
E também os jornais e as revistas, o radio e a TV.Quase tudo e quase todos exalam abjeção.”

Nelson Rodrigues – A cabra Vadia, Novas Confissões.

segunda-feira, outubro 05, 2009


Gracias a la vida.
Mercedes Sosa.

Graças à vida que me deu tanto
Me deu dois luzeiros que quando os abro
Perfeito distinguo o preto do branco
E no alto céu seu fundo estrelado
E nas multidões o homem que eu amo

Graças à vida que me deu tanto
Me deu o ouvido que em todo seu comprimento
Grava noite e dia grilos e canários
Martírios, turbinas, latidos, aguaceiros
E a voz tão terna de meu bem amado

Graças à vida que me deu tanto
Me deu o som e o abecedário
Com ele, as palavras que penso e declaro
Mãe, amigo, irmão
E luz iluminando a rota da alma do que estou amando

Graças à vida que me deu tanto
Me deu a marcha de meus pés cansados
Com eles andei cidades e charcos
Praias e desertos, montanhas e planícies
E a casa sua, sua rua e seu pátio

Graças à vida que me deu tanto
Me deu o coração que agita seu marco
Quando olho o fruto do cérebro humano
Quando olho o bom tão longe do mal
Quando olho o fundo de seus olhos claros

Graças à vida que me deu tanto
Me deu o risoe me deu o pranto
Assim eu distinguo fortuna de quebranto
Os dois materiais que formam meu canto
E o canto de vocês que é o mesmo canto
E o canto de todos que é meu próprio canto
Graças à vida, graças à vida.

Sempre tive para mim que devemos gravar os momentos de plenitude de alguém ou algo, estes devem ser as nossas memórias derradeiras de qualquer coisa, não sua decrepitude fatal e inescapável.Perfume das rosas da primavera, parreirais em abundancia...
A beleza e obra de Mercedes devem ficar em nossa memória como flor rara, mulher de postura decisiva, voz forte, semblante altivo e canto de um povo, em sua melodia a suavidade da verdade mesclava-se a luta e a dor.
Fica em sua musica que aprendi a amar, o agradecimento de uma vida voltada para arte,e a lembrança eventualmente devemos dar graças a vida, que nos brinda com sua intensidade, com suas dores e amores, com o sol e noite cheia de estrelas, silencio e comunhão com Ele.
Paz profunda Mercedes, vai ao encontro do infinito.
Luis Fabiano.

Pérola do dia:

" Não sei se sou autoritário. Durante as filmagens, sou decerto uma pessoa diferente, sem tempo para delicadezas. Mas será que, numa operação, o cirurgião diz: poderia me passar o bisturi, por favor? Muito obrigado. Claro que não. Ele só diz: bisturi!"

Roman Polanski


Asas de borboleta,


garras de um tigre.

Impensada em guerra perdida,
vaga tu,batendo asas pedaço de mim,
Ao sabor dos ventos, hora do norte, hora sul
És inconstância e certeza, beleza e quietude.
Tua sutileza ofende, o que mergulhado em obtuso entender,não te quer borboleta.
Teus carinhos, não sentidos, frágeis passam,
e só as flores entendem teu querer.
Beijo das estações nos lábios da vida, perfume e ternura,
tua verdade se
Perde e se ganha...como cor e leveza.
És Borboleta.

Teu rugir assusta, agride e hora fere,
Espreita em silencio teu repasto amado, e no ardor de querer
Afagas tua crueldade em nome do amor,
e em meio a isso te confundem
Como o pêlo que camufla inocência,
e não deixa de ser poesia, tua verdade dolorosa verdade,
Garras afiadas,
Tua beleza, olhos da noite tua caça, tua presa,tua vida, teu amor.
És tigre.

Como poderá, o bater das asas leves e coloridas
acarinhar o rugir na floresta negra?
No tato de tuas poderosas garras, carinho que fere e rasga e chora.
Não voas e não feres.
Mas onde então encontram-se, garras e asas?
Ontem sonhei, e vi a ti tigre, e a ti borboleta
E foi no olhar que o encontro se tornou possível,
Na impalpável dobra das emoções refinadas, essência intocável.
Foi assim em meu sonho que amor dotou de asas um tigre,
E de garras afiadas uma borboleta
E ambos pairaram acima,para além das nuvens
.

Paz profunda a todos.
Luis Fabiano.

domingo, outubro 04, 2009


Pérola do dia:


Quando passo pelas ruas e vejo homens,mulheres,velhos e crianças caminhando,indo ás compras, aos escritórios e aos lares, imagino toda a sacanagem subjacente de que são capazes e só assim consigo amar o meu próximo. Como a mim mesmo.”

Carlos Cony.

sexta-feira, outubro 02, 2009

A vida como ela é: A Curiosa.

O teste Drive hoje em dia não fica apenas nos modernosos automóveis, as vezes temos uma curiosidade oculta,mórbida e misteriosa, que afogamos para não parecer explicitamente amoral, porem, existem desejos que ficam mais belos quando permanecem na especulação mental, tenha certeza disso, a mente sempre ilude a realidade, e a realidade sempre perde a sua cor...

Pérola poética:

Quem disse que tudo que existe foi feito para ser compreendido?
Poderá a superfície entender os monólogos dos abismos?
Entenderá o que é limitado no pensar e sentir, os segredos do que é essencialmente pensamento e vibração das emoções?
Poderá entender os mistérios das estrelas aquele que nunca as admirou, na sua cintilante beleza muda?
Existem coisas que calam e outras que falam, e aqueles que nos entendem, o fazem mesmo que não pronunciemos nenhuma palavra, escutam o pulsar de nossos silêncios, a voz do Silêncio.”

Luis Fabiano.

quinta-feira, outubro 01, 2009



Por favor, mais chocolate.

Eis que a pena digital volta, hávida e revolta na busca de prazeres indescritíveis, e fatalmente inesquecíveis pois quando o gosto torna-se elevado demais, fica difícil se fazer-se entender pelas vias simplórias que humanidade limita-se, então não sobram outras possibilidades se não as vias não apropriadas.O que para uns é o inferno, para outros é o céu.
Particularmente não sou partidários dos desvios de conduta(sabe-se lá o que é isso...), mas confesso que eles são excelente objeto de estudo, a aberração não deixa de ser um imenso espelho com lentes de aumento,para as corriqueiras e mesquinhas paixões que a criatura humana se lança, sequiosa de prazer eterno e imediato, tolice daqueles que não saber fruir o prazer algum.
Faustino, sempre tivera desde tenra idade tendências muito estranhas, que sua mamãe achava na inocência de mãe que era apenas, “traços” de uma personalidade forte, então o rebento recém nascido, nestes momentos são sempre adorados como pequenos “principezinhos”, lindinhos e cheios de vontade, mesmo diante da beleza é preciso ter cuidados, um pequeno traço, revela coisas abissais. Cresceu Faustino, e dentro de si mesmo com tantas possibilidades financeiras e acesso a cultura, e a refinados pensamentos, algo o arrastava, tinha um sentimento profundo e desejos ainda mais espessos, mas porque Faustino isso tudo ?
Pensava ele consigo mesmo, sem jamais encontrar uma resposta satisfatória, mas porque então?
Como que sorrateiramente sabemos, uma paixão relegada encontrará sempre meios estranhos de buscar sua compensação, eis a beleza fatal da natureza que brinda o homem com o sol e também lhe da a noite mais escura para perder-se nos abismos de si mesmo. Pensava utopicamente Faustino;” hum, mas que perfume saboroso, inigualável “ ou então:” Imagino o gosto maravilhoso, digno de um verdadeiro Chef”, e outros tantos pensamentos repletos de tal poesia.
Foi então começou a freqüentar banheiros públicos, claro a procura de sanitários cheios, imundos e perfumados, ali dedicava-se ao seu prazer de infância, esqueci de mencionar que Faustino, comia as próprias fezes na infância, situação que a mãe achava que era apenas coisa de criança, que com o tempo passa, ledo engano mamãe, com o tempo aprimora-se, refina-se e claro converte-se em uma paixão, naturalmente não das mais perfumadas, para os que não são dados ao gosto. Naquele templo provisório, Faustino tirava fotos, cheirava de perto e sentia-se tão bem, como se houvesse meditado, naturalmente não comia como era seu desejo, pois achava o ordinário assento, um recipiente inglório para uma beleza inominável daquelas, ficava ali, apenas cheirando como se fosse a mais tenra das rosas, é claro, rosas em tom marrom!
Mas o drama de um ser humano nunca é completo se ele não puder dividi-lo com alguém, sim, Faustino queria uma companheira, uma amada que lhe entendesse, mas como procurar alguém, entrar numa conversa amiga,e dizer serenamente,como se falasse de pirulitos:
-Você curte coco? És coprofagista como eu ?Ou, quem sabe agora fulana, vamos curtir um cocozinho a dois?
Naturalmente as pessoas ficariam algo chocadas, mas nem tudo é para ser entendido, as diferenças evidentemente deveriam ser respeitadas, mas como disse, quando o gosto torna-se estranho, esqueçam as leis naturais da vida, direitos iguais?Não é mesmo?
Mas o tempo passou, e claro Faustino se tornou especialista, dividia seu tempo em trabalho e claro desfrutar tais prazeres, em seu coração ainda existia uma lacuna, e na mesa de jantar também existia uma lacuna, aquele prato branco e vazio, entre as lágrimas da solidão, Faustino degustava seus adoráveis petiscos, com talheres de prata e o melhor champagne, era tudo tão perfeito, mas a vida não é tão perfeita assim.
Certa feita, Faustino estava em suas fugas espetaculares nos banheiros públicos, procurava um vaso premiado, e então inesperadamente uma das portas se abre,e uma mulher sai, mas uma mulher no banheiro masculino? Ela se distraíra por demais no que fazia, que não deu-se conta que havia ainda alguém no banheiro, curiosamente seu nariz estava com a ponta em tom marrom? Mas que seria aquilo? Algum chocolate que havia derretido?
O olhar de Faustino fixou-se nela, e como uma poesia silenciosa ambos sorriram e nem ao menos sabiam o porque, foi amor a primeira vista, Faustino aproximou-se dela lentamente como se fora um filme, seu olfato aguçado, foi chegando, chegando, e disse:
-Meu nome é Faustino, é um prazer conhecê-la...
A voz perdera-se naquele banheiro vazio, não era preciso dizer mais nada, eis os mistérios do amor, os mistérios da vida e a beleza do inesperado.
Naturalmente, ao término deste, não posso negar, meu paladar ficou com aguçado, é algo determinante, sempre quando falo de tais assuntos, me vem uma vontade imensa de comer chocolate, ou sou chocólatra(eu acho...), qualquer semelhança é mera coincidência.


ps - eu não seria maldoso a tal ponto de deixar Faustino solitário, comer merda não é das melhores coisas do mundo ao menos para mim, respeito quem o faz, mas comer merda sozinho é profundamente depressivo, até as almas em brumas negras se salvam.

Luis Fabiano.
Paz Profunda.