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quinta-feira, outubro 01, 2009



Por favor, mais chocolate.

Eis que a pena digital volta, hávida e revolta na busca de prazeres indescritíveis, e fatalmente inesquecíveis pois quando o gosto torna-se elevado demais, fica difícil se fazer-se entender pelas vias simplórias que humanidade limita-se, então não sobram outras possibilidades se não as vias não apropriadas.O que para uns é o inferno, para outros é o céu.
Particularmente não sou partidários dos desvios de conduta(sabe-se lá o que é isso...), mas confesso que eles são excelente objeto de estudo, a aberração não deixa de ser um imenso espelho com lentes de aumento,para as corriqueiras e mesquinhas paixões que a criatura humana se lança, sequiosa de prazer eterno e imediato, tolice daqueles que não saber fruir o prazer algum.
Faustino, sempre tivera desde tenra idade tendências muito estranhas, que sua mamãe achava na inocência de mãe que era apenas, “traços” de uma personalidade forte, então o rebento recém nascido, nestes momentos são sempre adorados como pequenos “principezinhos”, lindinhos e cheios de vontade, mesmo diante da beleza é preciso ter cuidados, um pequeno traço, revela coisas abissais. Cresceu Faustino, e dentro de si mesmo com tantas possibilidades financeiras e acesso a cultura, e a refinados pensamentos, algo o arrastava, tinha um sentimento profundo e desejos ainda mais espessos, mas porque Faustino isso tudo ?
Pensava ele consigo mesmo, sem jamais encontrar uma resposta satisfatória, mas porque então?
Como que sorrateiramente sabemos, uma paixão relegada encontrará sempre meios estranhos de buscar sua compensação, eis a beleza fatal da natureza que brinda o homem com o sol e também lhe da a noite mais escura para perder-se nos abismos de si mesmo. Pensava utopicamente Faustino;” hum, mas que perfume saboroso, inigualável “ ou então:” Imagino o gosto maravilhoso, digno de um verdadeiro Chef”, e outros tantos pensamentos repletos de tal poesia.
Foi então começou a freqüentar banheiros públicos, claro a procura de sanitários cheios, imundos e perfumados, ali dedicava-se ao seu prazer de infância, esqueci de mencionar que Faustino, comia as próprias fezes na infância, situação que a mãe achava que era apenas coisa de criança, que com o tempo passa, ledo engano mamãe, com o tempo aprimora-se, refina-se e claro converte-se em uma paixão, naturalmente não das mais perfumadas, para os que não são dados ao gosto. Naquele templo provisório, Faustino tirava fotos, cheirava de perto e sentia-se tão bem, como se houvesse meditado, naturalmente não comia como era seu desejo, pois achava o ordinário assento, um recipiente inglório para uma beleza inominável daquelas, ficava ali, apenas cheirando como se fosse a mais tenra das rosas, é claro, rosas em tom marrom!
Mas o drama de um ser humano nunca é completo se ele não puder dividi-lo com alguém, sim, Faustino queria uma companheira, uma amada que lhe entendesse, mas como procurar alguém, entrar numa conversa amiga,e dizer serenamente,como se falasse de pirulitos:
-Você curte coco? És coprofagista como eu ?Ou, quem sabe agora fulana, vamos curtir um cocozinho a dois?
Naturalmente as pessoas ficariam algo chocadas, mas nem tudo é para ser entendido, as diferenças evidentemente deveriam ser respeitadas, mas como disse, quando o gosto torna-se estranho, esqueçam as leis naturais da vida, direitos iguais?Não é mesmo?
Mas o tempo passou, e claro Faustino se tornou especialista, dividia seu tempo em trabalho e claro desfrutar tais prazeres, em seu coração ainda existia uma lacuna, e na mesa de jantar também existia uma lacuna, aquele prato branco e vazio, entre as lágrimas da solidão, Faustino degustava seus adoráveis petiscos, com talheres de prata e o melhor champagne, era tudo tão perfeito, mas a vida não é tão perfeita assim.
Certa feita, Faustino estava em suas fugas espetaculares nos banheiros públicos, procurava um vaso premiado, e então inesperadamente uma das portas se abre,e uma mulher sai, mas uma mulher no banheiro masculino? Ela se distraíra por demais no que fazia, que não deu-se conta que havia ainda alguém no banheiro, curiosamente seu nariz estava com a ponta em tom marrom? Mas que seria aquilo? Algum chocolate que havia derretido?
O olhar de Faustino fixou-se nela, e como uma poesia silenciosa ambos sorriram e nem ao menos sabiam o porque, foi amor a primeira vista, Faustino aproximou-se dela lentamente como se fora um filme, seu olfato aguçado, foi chegando, chegando, e disse:
-Meu nome é Faustino, é um prazer conhecê-la...
A voz perdera-se naquele banheiro vazio, não era preciso dizer mais nada, eis os mistérios do amor, os mistérios da vida e a beleza do inesperado.
Naturalmente, ao término deste, não posso negar, meu paladar ficou com aguçado, é algo determinante, sempre quando falo de tais assuntos, me vem uma vontade imensa de comer chocolate, ou sou chocólatra(eu acho...), qualquer semelhança é mera coincidência.


ps - eu não seria maldoso a tal ponto de deixar Faustino solitário, comer merda não é das melhores coisas do mundo ao menos para mim, respeito quem o faz, mas comer merda sozinho é profundamente depressivo, até as almas em brumas negras se salvam.

Luis Fabiano.
Paz Profunda.

Um comentário:

Anônimo disse...

Meu caro....maravilhoso este texto.
Cada um de nós seres humanos temos as nossas esquesitices....alguns um pouco mais bizarros do que outros, mas somos seres humanos.
Mas é preferível comer um bom chocolate amargo.

Muita PAZ a ti.

Doca